sexta-feira, 2 de setembro de 2016

O POLITICAMENTE CORRETO.

Procure pensar em situações concretas, em especial as que vc  vive no cotidiano. Em particular note a frase “não vejo o politicamente correto como o inimigo a ser esmagado. Prefiro descrevê-lo como o efeito colateral de um movimento civilizador, que foi a mobilização da sociedade para conter seus impulsos racistas e sexistas”
Escreva um texto argumentativo, posicionando-se sobre o politicamente correto.

''Normalmente, quando se fala em “politicamente correto”, refere-se a neutralização de uma linguagem ou discurso, evitando o uso de narrativas estereotipadas ou que possam fazer referências as diversas formas de discriminação existentes, como o racismo, o sexismo, a homofobia e etc.Em contrapartida, existe a ideia do politicamente incorreto. Nesta perspectiva, toda a precaução em evitar o uso de termos, por exemplo, que possam ofender determinadas camadas ou grupos sociais, é considerada estúpida e totalmente ignorada.
Os discursos politicamente incorretos são bastante comuns no humor, que exploram assuntos considerados tabu pela sociedade, desconsiderando princípios clássicos da moral, da ética e dos bons costumes.
Descubra mais sobre o significado da Moral.
Um indivíduo politicamente correto obedece os padrões da ética e da moral, convencionais em determinadas sociedades. É tido como um “cidadão exemplo”.
O uso do título "politicamente correto" também pode ser aplicado as ações das empresas que seguem padrões e exigências de cunho social e ecológico.
O cuidado com questões relacionadas ao meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável, pode ser um exemplo de ação politicamente correta de algumas companhias e instituições, sejam públicas ou privadas''. http://www.significados.com.br/politicamente-correto/
 HÉLIO SCHWARTSMAN

Juventude carrancuda 

''Reportagem de Thais Bilenky publicada no domingo mostrou que os professores de cursinhos pré-vestibulares estão aposentando as piadinhas e comentários jocosos. O motivo é o clima PC (politicamente correto) que se instalou em parte da juventude. Hoje, tiradas que constituíam o feijão com arroz das aulas de cursinhos até alguns anos atrás geram indignação e até protestos por parte de alunos.

Há duas questões interessantes aqui. A primeira é prática. Cursinhos não haviam se tornado centros de produção de piadas por abrigar comediantes frustrados que, por algum motivo, abraçaram o magistério. Gozavam dessa condição porque chistes, além de manter desperto o interesse do estudante estafado, são um excelente auxiliar da memória.

Uma forma razoavelmente eficaz de reacessar um conteúdo cognitivo que já tenha sido aprendido é associá-lo a um trocadilho infame ou qualquer outra bobagem. Professores de pré-vestibulares, com graus variáveis de sucesso, tentavam explorar essa faceta de nossa arquitetura cerebral em favor dos alunos. É claro que ninguém vai morrer se ficar sem essa muleta mnemônica, mas receio que algo se perca com o banimento das piadas de cursinho.

A outra questão diz respeito ao próprio PC. Ao contrário de outros defensores do humor sem patrulhas, não vejo o politicamente correto como o inimigo a ser esmagado. Prefiro descrevê-lo como o efeito colateral de um movimento civilizador, que foi a mobilização da sociedade para conter seus impulsos racistas e sexistas. É claro que o fato de o PC ter uma origem bacana não elimina a necessidade de combater seus exageros.

Se há algo tão ruim quanto uma pilhéria de gosto duvidoso, é perder a capacidade de rir das incongruências do mundo. A diferença é que, enquanto a primeira tende a ser resolvida com o silêncio que reservamos às piadas sem graça, a falta de humor priva a vida de seus sabores''.
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A TIRANIA DO POLITICAMENTE CORRETO

Muito provavelmente, a maioria de nós já foi enganada pelo politicamente correto. O termo é bonito, soa bem, parece polido, cheio de virtude, digno de ser aprendido e posto em prática. Com o tempo, no entanto, aprendemos que se trata de um embuste, mais uma daquelas novas expressões incluídas em nosso vocabulário para confundir e dar aparência de virtuoso àquilo que é vil, frívolo e indecoroso; roupagem fina para  grosseria, ou um lobo em pele de cordeiro. Trata-se, na verdade, da pior ditadura que pode vir a existir: aquela em que os súditos se encarregam de subverter e subjugar os seus próprios comuns ao jugo de um poder tirano.
Essa é a realidade da sociedade contemporânea. Quando conversamos, dialogamos ou expressamos nossas ideias, fazemos o tempo todo como que pisando em ovos. As pessoas tornaram-se extremamente sensíveis a qualquer objeção ou ideia que venham a lhes desagradar. As palavras devem ser cuidadosamente escolhidas, e é preciso ter certeza que ninguém se sentirá ofendido com o que será dito.
O politicamente correto é a versão real da novilíngua, idealizada pelo governo autoritário do livro de ficção “1984”, de George Orwell. A novilíngua não nascia naturalmente como expressão da cultura e acúmulo de conhecimento do povo, mas pela condensação e remoção dos vocábulos e de seus significados, a fim de limitar o pensamento. Simplesmente não pode estar no universo das pessoas algo que elas não têm palavras para dar sentido pleno. Controlando, portanto, a linguagem, os governantes controlavam os pensamentos e qualquer oposição que pudesse surgir de novas ideias. Logo, não era preciso se preocupar em proibir a menção de coisas, pessoas, ou situações. Bastava diminuir o escopo de construção racional sobre elas.
Da mesma maneira, o politicamente correto quer sugerir verbetes que nos imponham um pedido de autorização para falar sobre determinados assuntos, tornando imoral o uso de sinônimos diversos. Começa-se com coisas simples, aparentemente sem consequências importantes: o aleijado é deficiente físico; o cego é deficiente visual; o relacionamento homossexual é homoafetivo; o viciado é dependente químico, e assim por diante. Por mais que saibamos que existem maneiras discretas de se referir a determinadas situações, tornamo-nos mal educados e incorretos pelo simples fato de usar algumas palavras, que em si nada têm de ofensivas, são apenas descritivas.
No entanto, o mais grave ocorre quando da emissão de opiniões, de ideias ou da consciência. Expressar desacordo tornou-se discurso de ódio, e qualquer parecer contrário aos interesses de um determinado grupo vira “fobia”. Ou seja, opinião é criminalizada sem a necessidade de lei.
O uso constante do sufixo “fobia” é uma clara imposição da novílingua, a aceitação forçada do discurso oficial, bem como o de rotular oposição como discurso de ódio.  Na era do politicamente correto, todos nos tornamos, de alguma maneira, fóbicos e odiosos. Se alguém não concorda como o modo de pensar ou de agir de outra pessoa, logo é acusado de ter fobia e odiar aquele a quem se opõe.
Uma demonstração bem clara dessa prática se dá no caso do programa Mais Médicos. Se você argumenta que o Brasil tem meios alternativos de resolver os problemas da saúde pública com seus próprios médicos, e, por isso, é contra a vinda de profissionais cubanos, vão lhe chamar de xenofóbico. Não interessa que você levante bons argumentos racionais, e que você não tenha nada contra os cubanos pelo fato de serem de outra nacionalidade. Você se tornou xenofóbico. Ponto final.
Igualmente, se você é contra determinada ideologia ou partido político, qualquer coisa que vier a falar contra eles, será denunciado como discurso de ódio.
É interessante também notar que isso cria uma armadilha para todos os lados envolvidos no momento que se exterioriza discordância. Veja só um exemplo que gera discussões acaloradas: quando o cristão defende princípios conservadores acerca da sexualidade, ele é rotulado de homofóbico. Ironicamente, a acusação retorna, e os homossexuais são chamados de cristofóbicos. Trata-se, claramente, de um coletivismo generalizado, que não expressa a realidade de nenhum dos grupos.
Note bem, basta acrescentar o sufixo fobia e pronto! Está aí a defesa de tuas ideias. Faça-o de acordo com tua preferência: o importante é dificultar que a outra pessoa construa argumentos, mesmo que para isso seja necessário transformar o diálogo em ataque pessoal, fora do campo da razão. Se alguém tentar argumentar contra uma prática ou uma ideia, não deixe de gritar aos quatro cantos que aquele discurso é cheio de ódio, e aos olhos de muitos, você sairá vencedor.
Quando o debate e a expressão são limitados, em vigia constante de uns sobre os outros acerca do que é certo dizer ou não, sobre quais palavras podem ser usadas e acerca do que se é permitido pensar, o diálogo, o confronto de ideias e a dialética tornam-se impossíveis. Instaura-se, assim, uma ditadura disfarçada e alimentada pelos próprios escravizados.
O que resta é o silêncio: vivemos a tirania do politicamente correto. http://www.vistadireita.com.br/blog/a-tirania-do-politicamente-correto/
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Uma verdadeira liberdade de expressão

O politicamente correto não oprime, nem patrulha.
Se oprimisse e patrulhasse, teria que ter constituições, leis, códigos, tribunais, inquisições, index, forças policiais e militares; algum poder oficial teria a tarefa de legislar e implementar essas leis; alguma força policial ou militar teria um código para regulamentar as patrulhas nas quais oprimiria a população, aplicando multas, penas, castigos.
Onde está a estrutura opressora do politicamente correto?
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"Patrulha" são soldados armados por um governo que lhes dá poder de matar. "Opressão" é quando instituições, públicas ou privadas, impõem suas regras sobre pessoas comuns.
Só quem tem poder de oprimir e patrulhar são as instituições, o estado, as grandes empresas.
Só quem tem poder de oprimir e patrulhar são as ideologias hegemônicas: o racismo, o machismo, a homofobia, a transfobia, o capacitismo, a intolerância religiosa; enfim, todas as vertentes da outrofobia.
Como pode ser "opressor" e "patrulhador" algo tão abstrato, tão minoritário, tão fraco quanto o politicamente correto?
Como pode ser "opressora" e "patrulhadora" uma gota de discurso homoafetivo em um mar cultural de homofobia, um punhado de pessoas trans* autoidentificando seus gêneros em um mundo quase completamente cisgênero, algumas poucas ateias militantes em oposição a todos os padres e pastores, rabinos e imãs?
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O politicamente correto é uma nova ética, resultado de uma maior participação social de minorias até então silenciadas; um código de conduta não-escrito, autodefinido por cada uma de nós, pessoas comuns que não têm poder de impor suas vontades às outras, através do qual tentamos agir e falar da forma que nos parece mais empática e mais generosa.
O politicamente correto somos todas nós decidindo não assistir mais o comediante que faz piada de estuprar grávida, não dar mais às nossas crianças os livros infantis do autor racista, não mais chamar uma minoria pela palavra que ela acha ofensiva.
Como podem acusar esse processo de opressão, patrulha, censura?
Um comediante ter a liberdade (assegurada na constituição) de fazer piada de estupro e nós, pessoas comuns, termos a liberdade (assegurada na constituição) de escrever textos criticando-o e propondo boicotes ao seu show... é a essência da liberdade de expressão em uma sociedade democrática.
Se não isso, o que queriam? Poder falar o que quiserem e nunca ser criticados?
Isso não seria liberdade de expressão, seria privilégio: o privilégio do qual sempre desfrutaram as classes dominantes, o privilégio que o politicamente correto — ao defender uma verdadeira liberdade de expressão, uma liberdade de expressão aberta a todas as pessoas, privilegiadas ou não — lhes tirou.
Nada poderia ser mais anti-censura, anti-patrulha, anti-opressão do que isso.
(Sobre humoristas e politicamente correto, leiam a minha carta aberta às humoristas do Brasil.)

Em qual time queremos estar?

Sim, as militantes de causas identitárias são muitas vezes radicais e cometem excessos. Mas é porque estão na vanguarda.
Quase sempre, só as pessoas mais radicais, aquelas que veem o mundo em branco-e-preto, são as que conseguem efetivamente romper a inércia dos tempos e tomar as atitudes que mudam o mundo, enquanto as pessoas acomodadas olham de longe, balançam a cabeça, fazem "tsc tsc" e têm filhas que vão colher os frutos desse radicalismo.
Então, apesar de todas as ferozes brigas internas, apesar dos (pretensos) radicalismos e dos (ditos)excessos, quando as balas de borracha começam a voar, precisamos decidir se estamos com quem defende respeito e dignidade para as pessoas trans* ou com quem exige o direito de fazer "piada de travesti".
Se o segundo grupo orgulhosamente se autoproclama "politicamente incorreto", então não faz sentido as pessoas do primeiro fugirem da pecha de politicamente corretas.
Proponho tomarmos para nós, também com orgulho, esse termo.
Pois eu tenho orgulho de estar do lado oposto dessa gente.

Ressignificando o politicamente correto

Há muito tempo, nos Estados Unidos, as pessoas homossexuais eram chamadas pejorativamente de"queer", um adjetivo que significa "estranho". Em um dado momento, a comunidade homossexual tomou o termo para si, criou slogans como "I'm queer and proud of it" ("Sou estranho e tenho orgulho disso!") e, em poucos anos, conseguiu ressignificar a palavra. Hoje, "queer" não é mais um termo pejorativo: ele pertence à comunidade homossexual.
O termo "politicamente correto" hoje é usado pela direita para fazer pouco das prioridades linguísticas e políticas de uma parte da esquerda — como, por exemplo, utilizar o termo "pessoas com deficiências" e não "deficientes" — mas não existe um movimento "politicamente correto", ninguém bate no peito pra se dizer "politicamente correta".
Entretanto, se você acha, como eu, que faz todo o sentido do mundo chamar as "pessoas com deficiências" pela expressão que lhes deixa mais confortáveis, então talvez seja a hora de cooptarmos para nós a expressão "politicamente correto".
Se ser "politicamente correta" é se importar com o efeito que nossas palavras têm nas outras pessoas, em especial nas pessoas marginalizadas, então, sim, talvez devêssemos bater no peito e nos afirmar "politicamente corretas".

E a liberdade de expressão?

Não tem como falar de politicamente correto sem falar de liberdade de expressão. Afinal, a principal acusação de seus detratores é que o politicamente correto é inimigo da liberdade de expressão.
Infelizmente, o assunto é vasto e não cabia aqui. Esse texto continua em Elogio à liberdade de expressão.
Já deixo uma citação que já resume tudo:
"Em vários casos, o princípio liberal da liberdade de expressão, que é uma ideia de “mais liberdade é a solução”, não se aplica. Um conceito importante diz respeito ao efeito silenciador do discurso.
Um bom exemplo é o caso da discriminação contra a mulher. Discursos sexistas, por exemplo, colocam as mulheres em posição de tamanha inferioridade que provocam seu silêncio, desqualificando sua expressão.
Nesse caso, uma intervenção do Estado contra o discurso sexista, ao contrário de limitar a liberdade dos que disseminam o preconceito, garante a expressão daqueles que não conseguiriam se manifestar de outra forma."(fonte)
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O texto “Politicamente correto, uma defesa” e sua sequência, “Elogio à liberdade de expressão”, fazem parte da Prisão Privilégio, a ser publicada aqui no PapodeHomem no mês que vem.http://papodehomem.com.br/politicamente-correto-uma-defesa/
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VEJA O PRIMEIRO VÍDEO. O SEGUNDO É OPCIONAL.




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