terça-feira, 27 de setembro de 2016

homofobia









dissertação (Enem)
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “ A HOMOFOBIA E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA O CONVÍVIO SOCIAL"
”, apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Instruções Enem:
1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.
3. A redação com até 7 (sete) linhas escritas será considerada “insuficiente” e receberá nota zero.
4. A redação que fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo receberá nota zero.
5. A redação que apresentar proposta de intervenção que desrespeite os direitos humanos receberá nota zero.
6. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.


texto 1
 palavra homofobia significa a repulsa ou o preconceito contra a homossexualidade e/ou o homossexual. Esse termo teria sido utilizado pela primeira vez nos Estados Unidos em meados dos anos 70 e, a partir dos anos 90, teria sido difundido ao redor do mundo.  A palavra fobia denomina uma espécie de “medo irracional”, e o fato de ter sido empregada nesse sentido é motivo de discussão ainda entre alguns teóricos com relação ao emprego do termo. Assim, entende-se que não se deve resumir o conceito a esse significado.
Podemos entender a homofobia, assim como as outras formas de preconceito, como uma atitude de colocar a outra pessoa, no caso, o homossexual, na condição de inferioridade, de anormalidade, baseada no domínio da lógica heteronormativa, ou seja, da heterossexualidade como padrão, norma. A homofobia é a expressão do que podemos chamar de hierarquização das sexualidades. Todavia, deve-se compreender a legitimidade da forma homossexual de expressão da sexualidade humana.
No decorrer da história, inúmeras denominações foram usadas para identificar a homossexualidade, refletindo o caráter preconceituoso das sociedades que cunharam determinados termos, como: pecado mortal, perversão sexual, aberração.
Outro componente da homofobia é a projeção. Para a psicologia, a projeção é um mecanismo de defesa dos seres humanos, que coloca tudo aquilo que ameaça o ser humano como sendo algo externo a ele. Assim, o mal é sempre algo que está fora do sujeito e ainda, diferente daqueles com os quais se identifica. Por exemplo, por muitos anos, acreditou-se que a AIDS era uma doença que contaminava exclusivamente homossexuais. Dessa forma, o “aidético” era aquele que tinha relações homossexuais. Assim, as pessoas podiam se sentir protegidas, uma vez que o mal da AIDS não chegaria até elas (heterossexuais). A questão da AIDS é pouco discutida, mantendo confusões como essa em vigor e sustentando ideias infundadas. Algumas pesquisas apontam ainda para o medo que o homofóbico tem de se sentir atraído por alguém do mesmo sexo. Nesse sentido, o desejo é projetado para fora e rejeitado, a partir de ações homofóbicas.
 Assim, podemos entender a complexidade do fenômeno da homofobia que compreende desde as conhecidas “piadas” para ridicularizar até ações como violência e assassinato. A homofobia implica ainda numa visão patológica da homossexualidade, submetida a olhares clínicos, terapias e tentativas de “cura”.
A questão não se resume aos indivíduos homossexuais, ou seja, a homofobia compreende também questões da esfera pública, como a luta por direitos. Muitos comportamentos homofóbicos surgem justamente do medo da equivalência de direitos entre homo e heterossexuais, uma vez que isso significa, de certa maneira, o desaparecimento da hierarquia sexual estabelecida, como discutimos.
Podemos entender então que a homofobia compreende duas dimensões fundamentais: de um lado a questão afetiva, de uma rejeição ao homossexual; de outro, a dimensão cultural que destaca a questão cognitiva, onde o objeto do preconceito é a homossexualidade como fenômeno, e não o homossexual enquanto indivíduo.
Em maio de 2011, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a legalidade da união estável entre pessoas do mesmo sexo no Brasil. A decisão retomou discussões acerca dos direitos da homossexualidade, além de colocar a questão da homofobia em pauta.
Apesar das conquistas no campo dos direitos, a homossexualidade ainda enfrenta preconceitos. O reconhecimento legal da união homoafetiva não foi capaz de acabar com a homofobia, nem protegeu inúmeros homossexuais de serem rechaçados, muitas vezes de forma violenta.http://brasilescola.uol.com.br/psicologia/homofobia.htm


TEXTO 2
O relatório anual sobre o assassinato de homossexuais, divulgado nesta quinta-feira, 28, pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) - mais antiga entidade do gênero do Brasil - indica que 318 gays foram mortos em 2015 em todo o País. Desse total de vítimas, o GGB diz que 52% são gays, 37% travestis, 16% lésbicas, 10% bissexuais. O número é levemente menor que em 2014 quando, conforme o grupo, foram anotados 326 assassinatos.

Os estados onde ocorreram mais casos em números absolutos foram São Paulo, com 55 assassinatos; e Bahia, 33. No entanto, se for comparada com a população total, Mato Grosso do Sul foi considerado o estado mais homofóbico, pela entidade, com 6,49 homicídios para cada 1 milhão de pessoas, seguido do Amazonas, com 6,45.
Para a população total do Brasil, o índice de assassinatos de LGBT é de 1,57 para cada milhão de habitantes. O levantamento foi feito em 187 cidades brasileiras, incluindo pequenos centros urbanos, como Ibiá, na Bahia, com 7 mil habitantes.
Manaus foi considerada a capital mais "homofóbica" de 2015 com 23 assassinatos - 11,3 mortes para cada milhão de habitantes, seguida de Porto Velho, cujas 5 mortes representam 10,1 por um milhão. Uma travesti e um gay brasileiros foram assassinadas no exterior: Espanha e Estados Unidos. Foram incluídos também cinco suicídios de homossexuais masculinos.
Nordeste na liderança
Em termos regionais, dos 318 assassinatos documentados em 2015, o Nordeste continua liderando a violência em números absolutos com 106 óbitos, seguido do Sudeste com 99, o Norte com 50, Centro-Oeste 40 e 21 no Sul. Porém, comparando o total da população regional, o Norte foi a região que o GGB considera mais "homotransfóbica", com 2,9 assassinatos para cada 1 milhão de habitantes, seguido do Centro-Oeste com 2,6, Nordeste com 1,8, Sudeste com 1,1 e Sul com 0,7 - sendo a média do Brasil 1,5 e o Distrito Federal, 2,1.
O estudo mostra ainda que a Bahia registrou um aumento de 25 para 33 assassinatos entre 2014-2015, enquanto o Rio de Janeiro diminui de 22 para 12 mortes.

O antropólogo Luiz Mott, fundador do GGB e coordenador da pesquisa disse que "nada garante que o decréscimo de oito mortes entre 2014-2015 represente uma tendência previsível para os próximos anos, a menos que políticas públicas e leis condenatórias sejam aprovadas e efetivadas em nosso país". Na sua opinião "lastimavelmente, a violência anti-homossexual cresce incontrolavelmente no Brasil. Nos 8 anos do governo FHC, foram documentados 1.023 crimes homofóbicos, uma média de 127 por ano; no Governo Lula, subiram para 1.306, com média de 163 assassinatos por ano; nos 5 anos, no Governo Dilma, tais crimes atingiriram a cifra de 1.561, com média de 312 assassinados anuais - mais que o dobro da média dos governos anteriores. Daí a urgência da Presidenta cumprir sua promessa de campanha de criminalizar a homofobia - segundo ela, uma barbárie!"
Perfil das vítimas
Em relação ao perfil das vítimas, a pesquisa mostra que a violência "atinge todas as cores, idades, classes sociais e profissões: a vítima de menor idade foi Michael, 13 anos, parda, de Rio Claro, SP, uma pré-adolescente em construção de sua performance feminina, que gostava de se vestir de menina, encontrada morta na pista com 15 facadas.
O mais idoso, um renomado médium do Rio de Janeiro, 74 anos, encontrado morto amordaçado, com marcas de tortura e espancamento, identificado como homossexual pela ex-esposa", diz um trecho do relatório, acrescentando que "predominam as mortes de LGBT menores de 29 anos (58%), pessoas portanto, na flor da idade produtiva. Menores de 18 anos representam 21%, sugerindo a precocidade da iniciação homoerótica e grande vulnerabilidade, sobretudo das jovens travestis e transexuais profissionais do sexo".

A causa mortis das vítimas mostra traços de ódio intenso. Entre os casos coletados está o do bacharel Helmiton Figueiredo, 30 anos, de Cabo de Santo Agostinho, PE, morto com 60 facadas; Bruno C. Xavier, esquartejado e cimentado em seu apartamento em Diadema, SP e Pablo Garcez, pedreiro de 35 anos, de Manaus, teve seu tronco e braços decepados.

O analista de sistemas Eduardo Michels, do Rio de Janeiro, coordenador do banco de dados da pesquisa, "a subnotificação destes crimes é notória, indicando que tais números representam apenas a ponta de um iceberg de violência e sangue, já que nosso banco de dados é construído a partir de notícias de jornal e internet. Infelizmente são raríssimas as informações enviadas pelas mais de trezentas Ongs LGBT brasileiras. E a Secretaria Nacional de Direitos Humanos e o Disk 100 atestam sua incompetência ao não documentar a violência letal contra mais de 10% da população brasileira constituída por LGBT. A realidade deve certamente ultrapassar em muito tais estimativas, sobretudo nos últimos anos, quando os familiares das vítimas, policiais e delegados cada vez mais, sem provas e sem base teórica, descartam preconceituosamente a presença de homofobia em muitos desses homocídios".

O GGB alerta que 2016 começou "ainda mais homofóbico. A entidade registrou 30 assassinatos de LGBT em 28 dias, um assassinato a cada 22 horas.

texto 3

Lei em trânsito pode diminuir preconceito
O projeto de Lei 5003/2001 de autoria da deputada Iara Bernardi (PT-SP) determina "sanções às práticas discriminatórias em razão da orientação sexual das pessoas" e foi aprovado na Comissão de Cidadania e Justiça. Hoje, aguarda votação no senado sob o número 122/2006. O documento define como ofensivos os comportamentos preconceituosos envolvendo não só orientação sexual, mas também "os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero".
Como milhares de outras leis de nosso país, pode até ser que este instrumento legal não sirva para acabar de vez com o preconceito, o que muito provavelmente não vai acontecer. A simples veiculação na mídia e os desdobramentos das manifestações, porém, servirão para tentar diminuir a homofobia por aqui. Se ainda conseguir fazer com que novos debates surjam, a medida já terá sido benéfica para as futuras gerações.
Vale lembrar que embora a homofobia já seja classificada como crime em alguns estados, ainda não há uma lei nacional para combatê-la.
Data marcante
A discriminação nem sempre ocorre de forma informal, em situações do cotidiano, e inclusive já esteve embasada por leis e associações. É o caso da Assembléia Geral da Organização Mundial de Saúde, que durante mais de um século manteve a homossexualidade em sua lista de doenças mentais. A histórica decisão de removê-la ocorreu no dia 17 de maio de 1990, de modo que a data hoje é sugerida como o Dia Mundial contra a Homofobia, mas ainda não reconhecida formalmente.
Pelo mundo, algumas cidades já utilizam este dia como um marco para manifestações e comemorações, e no Brasil já temos alguns exemplos. A Câmara de Vereadores de Curitiba, por exemplo, se apressou e em março de 2008 aprovou uma lei que também institui o 17 de maio como o Dia Municipal Contra a Homofobia. Proposta pela vereadora Julieta Reis (PSB), a data será comemorada anualmente e tem como objetivo diminuir preconceitos e reduzir a violência contra gays, lésbicas, travestis e transexuais em nosso país.
Em Londres, por exemplo, mais de 1000 crimes relacionados à homofobia foram reportados em 2008-2009, um crescimento de 13,5% em relação ao período anterior.
O aumento isoladamente pode parecer ruim, mas também reflete uma maior confiança dos homossexuais para prestarem queixa na polícia e seguirem com suas denúncias.
O Brasil tem hoje cerca de um homossexual morto a cada dois dias, número que o coloca como o país mais homofóbico do mundo.




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