domingo, 22 de novembro de 2015

Dissertação. Até que ponto a cantada é uma atitude aceitável?


HomemQAmava
Chegamos a outubro e reparei que ainda não havia repetido este ano uma das minhas campanhas obrigatórias, renováveis e sustentáveis. Eis o panfleto lírico:
A cantada, amigos, é como a revolução de Mao Tse-Tung, tem que ser permanente.
Querem ver uma história que representa muito isso? Vejam o francesinho do cartaz arriba -“O Homem que amava as mulheres”, do Truffaut, o cara que nasceu para filmar o amor.
Existem mulheres que a gente canta no jardim da infância para dar o primeiro beijo lá pelos quatorze, quinze, e olhe lá.
Mas é necessário que a cante sempre, não aquela cantada localizada, neoliberal e objetiva, falo do flerte, do mimo, do regador que faz florescer, como numa canção brega, todos os adjetivos desse mundo.
A cantada de resultado, aquela imediata, é uma chatice, insuportável, se eu fosse mulher reagiria com um tapa de novela mexicana, daqueles que fazem plaft!
A boa cantada é a cantada permanente.
E mais importante ainda depois que rolam as coisas, depois que acontece, aí a cantada vira devoção, oração dos pobres moços a todas elas.
Porque cantar só para uma noitada de sexo é uma pobreza dos diabos, qualquer um animal o faz.
Porque cantar, à vera, é cantar todas e não cantar nenhuma ao mesmo tempo.
Explico: é espalhar pacientemente a devoção a todas as mulheres como quem espalha sementes nos campos de lírios.
Mesmo que elas digam, com aquele riso litografado na covinha do sorriso, que você diz isso para todas.
E claro que para cada uma dizemos uma loa, fazemos uma graça, não repetimos o texto, o lirismo, o floreado.
Porque amamos mesmo as mulheres.
Cantemos indiscriminadamente, e que me perdoe o velho e bom Vinícius de Moraes, mas cantemos sobretudo as ditas feias, esse conceito cruel e abstrato de beleza. Elas merecem, até porque as feias não existem, nunca conheci nenhuma até hoje.
Não por sermos generosos, piedade, ou algo do gênero… É que a dita feia, quando bem cantada, vira a superfêmea, para lembrar a bela pornochanchada com a Vera Fischer.
A cantada permanente e indiscriminada é irresistível, quando você menos espera, acontece o que você tanto sonhava.
Sim, tem que ter o cuidado para não ser simplesmente um chato que baba diante do melhor dos espetáculos, a existência das mulheres.
Ter que cantar sempre a mesma mulher e parecer que está apenas de passagem, que o estribilho é sempre novo, nada de larararás que mais parecem refrões do Sullivan e do Massadas.
Ah, digamos que você cantou a Sônia Braga ainda naqueles tempos em que Gabriela subiu com aquele vestidinho no telhado –a cena mais quente da teledramaturgia brasileira até hoje- e e continuou cantando, sempre, sutil e sempre, e agora ela, passados tantos calendários, se comove e resolve recompensá-lo! Vai ser lindo do mesmo jeito, não acha? Na tela do nosso cocoruto vai passar o videotape de todos os desejos antigos e despejados no ralo pela morena cravo & canela.
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“Gabriela rodopiava em frente ao espelho, admirando-se. Era bom ser bonita: os homens enlouqueciam, murmuravam-lhe frases com voz machucada. Gostava de ouvir, se era um moço a dizer. [...] Era ruim ser casada, gostava não...” Jorge Amado (1912-2001)


A MULHER QUE PASSA

Rio de Janeiro , 1938

Meu Deus, eu quero a mulher que passa.
Seu dorso frio é um campo de lírios
Tem sete cores nos seus cabelos
Sete esperanças na boca fresca!

Oh! como és linda, mulher que passas
Que me sacias e suplicias
Dentro das noites, dentro dos dias!

Teus sentimentos são poesia
Teus sofrimentos, melancolia.
Teus pelos leves são relva boa
Fresca e macia.
Teus belos braços são cisnes mansos
Longe das vozes da ventania.

Meu Deus, eu quero a mulher que passa!

Como te adoro, mulher que passas ( Vinícius de Moraes)

“Pesquisa revela que mulheres se sentem insultadas quando são chamadas de ‘gostosas’ por desconhecidos”. Ao lermos o título damatéria publicada na última terça-feira (19/05) pelo Jornal Extra, podemos pensar que ela não faz nada além de constatar o óbvio. Porém, em um segundo momento, nos animamos com o fato de que um tema como o assédio de rua, tão caro a nós mulheres, esteja ganhando espaço em um jornal de grande circulação. Afinal, a visibilidade é sempre benéfica, não é?

Nem sempre.  A visibilidade do dado em si – que 89% das mulheres se sentem incomodadas com esse comportamento masculino – é de certo benéfica. Entretanto, a forma como uma notícia é construída em cima desse dado – seja pela seleção vocabular, pela maneira como se escolhe encadear os fatos ou pelo enfoque dado a uns detalhes em detrimento de outros –  pode acabar comunicando significados mais favoráveis para um grupo do que para outro. No caso da notícia do Extra, as 89% saíram perdendo.

Para começar, em momento algum o texto faz uso da palavra “assédio”, automaticamente relacionada por nós a incômodo e a violência – e que não haja dúvidas: fazer uma afirmação de cunho sexual a uma mulher de forma que a insulta é assédio. Em vez disso, se faz uso da palavra “cantada” – associada por muitos a elogios e à paquera –, apagando-se completamente a violência de gênero presente no ato. Pior ainda, a matéria chama os homens que tomam parte no assédio de rua de “galanteadores”. Entre eles está Mr. Catra, funkeiro cujo repertório de frases misóginas inclui “Machista é botar sua mulher para trabalhar, querer que sua mulher seja independente”. Catra disse ao Extra que prefere “falar baixinho só para ela saber o quanto está gostosa”.

Bom, o assédio não deixa de ser assédio só porque um tom de voz mais baixo foi usado. A questão é simples: as mulheres não estão na rua para serem avaliadas. A esmagadora maioria delas deseja simplesmente se deslocar de um ponto a outro tranquilamente, sem ter seu espaço pessoal invadido por desconhecidos que insistem em tratá-la como um pedaço de carne em exposição. Como disse Verónica Lemi, ativista do coletivo argentino Acción Respeto:

se analisarmos o ato da fala, o homem, ao emitir esta opinião quando passa, sem esperar resposta e, sobretudo, não a reconhecendo [a mulher] como interlocutora, coloca-a no lugar de tema da mensagem, quer dizer, como objeto sobre o qual se fala e não como pessoa com quem se está falando. Assim como é incômodo que as pessoas falem de nós como se não estivéssemos presentes, isto é incômodo para muitas mulheres porque elas têm essa sensação de desumanização. Muitas mulheres não pensam tanto sobre isso e até curtem, e isso é perfeitamente válido, mas não podemos deixar de ouvir as mulheres que estão expressando este incômodo, já que a situação comunicacional está claramente colocando-as neste papel de objeto. [1]

Não são apenas as palavras escolhidas que incomodam. São os olhares lascivos, os gestos, a postura, a entonação da voz, a insistência. Tudo isso constrange, invade e, sim, oprime.

Quantas vezes você, mulher, já não:
a) atravessou a rua para se afastar de um grupo de homens que assobiavam para você?
b) trocou de roupa pensando nos comentários que ouviria ao sair sozinha à noite?
c) mudou de vagão no metrô porque um sujeito a encarava de forma lasciva, fazendo caras e bocas a viagem inteira?

 
Quantas vezes o comportamento desses homens a fez sentir medo? A matéria não toca nesses pontos ao tentar explicar por que as mulheres rejeitam tanto o “grito de gostosa”. Em vez disso, se faz uso de uma explicação vinda da psicologia:

Segundo Priscila Gasparini, especializada em Psicanálise, a mulher é mais instrumental. Ou seja, ela prefere uma abordagem mais sensorial do que o homem, que, segundo ela, escolhe sua companheira mais pelo lado visual:
– O corpo bonito é que chama a atenção do homem, enquanto a mulher não gosta de ser abordada pelo cunho sexual. Elas gostam de papo. [2]

Antes de mais nada: até que ponto será que essas preferências apresentadas como características inatas de cada gênero não são na verdade meras construções sociais? A socialização da mulher sempre foi feita em torno da negação da sua sexualidade. Passamos nossas vidas inteiras ouvindo que “Mulher tem que se dar o respeito”, que sexo casual não é coisa de “mulher direita” e que devemos resistir às investidas dos homens – mulher não toma iniciativa! –, porque eles vão perder o interesse assim que “cedermos”. Não será essa repressão sistemática da nossa sexualidade a responsável por fazer muitas mulheres se dizerem menos interessadas em “corpos bonitos”? Como podemos afirmar então que a mulher é – verbo ser: possuir característica inerente – mais ou menos instrumental do que um homem se ela na verdade foi ensinada a agir dessa forma?

Apresentar essas preferências como parte da natureza dos homens ou das mulheres é passar por cima de todo um processo de socialização que reprime a sexualidade delas e exalta a deles. E apresentar unicamente essas preferências como justificativa para a rejeição das mulheres ao assédio é negar mais uma vez que o que está sendo chamado de “cantada” é uma violência de gênero. Não se trata de preferência de abordagem na hora da paquera, porque para 89% das mulheres isso simplesmente não é paquera. É assédio.


O tempo todo a matéria parece enfocar a ineficácia da “cantada” em vez de problematizar seu caráter agressivo e misógino. Pouco importa como a mulher se sente diante do assédio. O que importa é se, com ele, o homem vai conseguir o que quer. A matéria parece dizer aos homens: “Amigos, não passem mais cantadas, porque não vão conseguir nada com isso”, em vez de “Homens, parem de assediar as mulheres que veem na rua, porque seu comportamento as faz sentir insultadas e acuadas”. Novamente, a mulher é colocada em um local de passividade, de objeto de desejo que pode ser ou não conquistado dessa ou daquela maneira.

Ao dizer que a jovem Débora Adorno, de 22 anos, que inventou uma careta chamada de Dentinho para fugir do assédio, “percebeu que ser bonita era um problema”, a matéria reproduz ainda outro comportamento típico da nossa sociedade misógina: a transferência do foco do comportamento do agressor para o comportamento – ou, nesse caso, a aparência – da vítima. Em nenhum momento a cantada, tida no máximo como grosseria, foi caracterizada como um problema. Não, o problema está em “ser bonita”. Tanto que, assim que Débora arranjou uma forma de parecer menos atraente para os homens, o assédio cessou. Ou seja, o que se diz aqui, ainda que de maneira sutil, é que o problema não está no homem, mas sim na mulher.
 
Se ainda resta dúvida de que a matéria publicada no Extra foi um total desserviço a 89% das brasileiras, as fotos escolhidas para ilustrar a notícia podem saná-la rapidamente. Aparentemente feitas em um ensaio especialmente para essa matéria, as imagens mostram Alessandra Mattos, rainha da bateria da Inocentes de Belford Roxo, fazendo poses sensuais para um grupo de pedreiros que a observam com expressões de luxúria. Alessandra é uma das mulheres que disse ao jornal que sente sua autoestima se elevar ao ser chamada de gostosa na rua. Bom, se ela se sente bem, sem problemas. Mas por que escolher – ou melhor, produzir – imagens que representam a realidade de uma parcela tão mínima de mulheres em vez de se preocupar com as 89%? Simples: porque o corpo de Alessandra está sendo usado de chamariz em uma matéria que, como vimos, é feita sob uma ótica masculina e voltada puramente aos interesses dos homens. 

 “Gabriela rodopiava em frente ao espelho, admirando-se. Era bom ser bonita: os homens enlouqueciam, murmuravam-lhe frases com voz machucada. Gostava de ouvir, se era um moço a dizer. [...] Era ruim ser casada, gostava não...” Jorge Amado (1912-2001)

Todos sabemos que a mídia em geral não costuma dar muitas bolas dentro quando o assunto é direitos da mulher. Entretanto, o que o Jornal Extra conseguiu fazer com um dado tão claro é simplesmente revoltante. Enquanto países como a Argentina trabalham para aprovar leis que classificam o assédio de rua como violência de gênero e preveem campanhas de conscientização sobre o problema, a esfera pública brasileira continua a negar sistematicamente que sequer existe um problema. Ou melhor: a dizer que o problema somos nós.

[1]  CARBAJAL, Mariana. Argentina quer punir com multa e prisão assédio de rua contra  mulheres. Disponível em: <http://bit.ly/1DhLlBO> Acesso em: 20 de maio de 2014.

[2] ALFANO, Bruno. Pesquisa revela que mulheres se sentem insultadas quando são chamadas de ‘gostosas’ por desconhecidos. Extra. Disponível em: <http://naofo.de/4j2j> Acesso em: 19 de maio de 2014.http://www.cartacapital.com.br/blogs/feminismo-pra-que/cantada-de-rua-apenas-parem-7511.html

Frequentemente, as mulheres, em maior número, são alvo das famosas cantadas ou “elogios”. Para muitas mulheres, essas estratégias, usadas tradicionalmente como uma forma de sedução, podem ser mais que um simples elogio, sendo consideradas até mesmo comoassédio sexual. Mas até que ponto uma cantada pode ser considerada um assédio?
Homens e mulheres discordam em vários pontos quando o assunto é a sedução e o elogio a pessoas desconhecidas. Alguns homens chegam a afirmar que muitas mulheres gostam de levar cantadas e que se sentem mais desejadas e com a autoestima elevada. Apesar de ser uma colocação um tanto machista, algumas mulheres realmente se sentem assim, no entanto, a grande maioria tem uma opinião bastante diferente.
A grande maioria das mulheres afirma que cantadas, principalmente aquelas de rua, fazem com que elas se sintam como verdadeiros objetos. Algumas, inclusive, temem que a abordagem verbal torne-se física, uma vez que há frequentemente nos noticiários casos de estupro. Isso ocorre porque comumente as cantadas de rua possuem conteúdo impróprio, que muitas vezes deixam as mulheresenvergonhadas, além de, como dito anteriormente, fazer com que se sintamameaçadas.
No caso de cantadas em baladas, a situação pode ser ainda mais constrangedora, uma vez que a maioria das mulheres não sabe como lidar com esse tipo de situação. Há muitos relatos de pessoas que foram xingadas e até mesmo agredidas por não responderem a uma determinada abordagem da forma como era esperado. Isso acontece principalmente em virtude do uso de álcool, que é frequente em festas e bares. Claro que nem todos os homens são assim, mas diante de tantos casos de agressão, não é de se surpreender que muitas mulheres sintam medo.
Vale destacar também que na balada é fácil perceber quando o interesse é mútuo. Sendo assim, um elogio, nesses casos, sempre é bem-vindo, uma vez que há a permissão para o flerte. Quando a cantada ocorre sem a permissão, provavelmente não obterá êxito.
Claro que não podemos afirmar que toda cantada tem por objetivo assustar a mulher, deixá-la constrangida ou até mesmo ameaçá-la. Muitas vezes, a cantada pode ser uma simples piada, sem nenhuma maldade. Mas devemos fazer alguns questionamentos: Será que as mulheres gostam desse tipo de abordagem? Será que não existe um modo mais agradável de fazer um elogio? Como as cantadas são consideradas como insultos e até mesmo uma forma de ameaça por grande parte das mulheres, por que os homens insistem nessa artimanha?
O tema é bastante complexo e divide bastante a opinião de homens e mulheres.Mas, para você, até que ponto a cantada é uma atitude aceitável?
Você sabia que importunar alguém, em lugar público ou acessível ao público, de modo ofensivo ao pudor é uma contravenção penal? A importunação ofensiva ao pudor é uma contravenção que tem como pena o pagamento de multa.


quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Ótima proposta da Unitau: a liberdade de informação. Não deixem de fazer.

Na mira da vitória, pessoal

Façam e mandem p email, não deixem de escrever. Está chegando a hora. Por isso, temos de produzir textos excelentes. Então, aproveitem sua professora que está disposta a corrigir mais textos, além dos que trazem nas aulas.
Venham com dois textos escritos, ou adiantem o serviço, digitando ou fotografando a produção extra.  Mandem pelo fcb. Eu imprimo e corrijo.


http://www.unitauvest.com.br/blog/imagens/2012/05/Microsoft-Word-_PROVA-_MEDICINA_TIPO_1.pdf

Proposta da Unitau 2015.

http://www.unitau.br/files/arquivos/category_1/2fasefinal_1417979815.pdf

Porte de drogas para uso pessoal deve ser descriminalizado no Brasil?

Dissertação ou carta dissertativa. 
TEXTO1
ISSO NÃO É LIBERDADE
Morando em Santa Rosa (RS), conheci Diego quando fez um ano. Era uma criança muito risonha e fascinante, que cresceu dentro de uma família amorosa. Superdotado e dono de enorme empatia, foi o melhor aluno do seu colégio e muito cedo começou a cursar medicina na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Não usava drogas, nem lícitas nem ilícitas. Filho único, dava sentido especial à vida da família.
Diego tinha 21 anos quando uma caminhonete desgovernada o esmagou contra uma parede. Foi o velório mais triste que já assisti. O motorista que o matou não estava alcoolizado, mas no exame toxicológico, detectaram níveis altíssimos de THC da maconha. Ele respondeu o processo em liberdade, e em liberdade está até hoje, 16 anos depois.
Sempre que vejo a argumentação de que o uso de drogas prejudica só quem usa, eu me lembro do Diego. Neste caso, a liberdade do outro de usar a droga acabou com a liberdade de Diego de desfrutar de uma vida plena, cheia de realizações.
Pesquisa do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, de 2009, com motoristas responsáveis por acidentes com vítimas fatais, revelou que a droga mais presente nos acidentes graves era a maconha. O álcool era a segunda, seguido bem de perto pela cocaína. Nas estradas é a metanfetamina a maior causa de acidentes com caminhões. Quantos Diegos inocentes não morrem assim todos os dias?
A "liberdade" de usar drogas lícitas e ilícitas está atrás da maioria dos latrocínios, dos homicídios por causas banais, dos acidentes com veículos e dos suicídios. Além de ser a maior causa da violência doméstica no Brasil e de promover ressurgimento da Aids nos bolsões de consumo. Isso sem falar na violência do tráfico. A epidemia do crack, a partir de 2006, agravou esse quadro e levou o Brasil a bater todos os recordes mundiais de violência.
O uso continuado das drogas leva à dependência química, que é uma alteração definitiva das conexões neuronais, conformando doença crônica, incurável.
Nos adolescentes, esse efeito ocorre mais rápido e forte pela imaturidade dos circuitos cerebrais. Eles são suas maiores vítimas, pela ingenuidade e impulsividade que lhes é característica. E 70% daqueles jovens que usam drogas têm transtornos mentais prévios, o que os torna mais vulneráveis à dependência. O usuário de drogas começa a usá-las por um motivo e depois não consegue mais parar por outro, quando vira dependente.
Não existe a liberdade individual de usar a droga quando se devasta toda a família, quando se submete outra pessoa à violência física para poder comprar mais drogas, quando se vende o corpo em troca de uma dose ou quando se mata um inocente em um acidente de trânsito. Pela saúde da população, temos que restringir mais as drogas lícitas, e não permitir liberar as ilícitas.
Está em julgamento no STF uma ação que se for aceita, descriminalizará o uso de todas as drogas consideradas ilícitas. Isso significará, na prática, poder portá-las sem qualquer receio de punição.
Certamente aumentará a quantidade de pessoas portando, e seu compartilhamento nas escolas, locais públicos e eventos. Assim aumentará muito o consumo de drogas e o número de viciados. Quem abastecerá esse mercado? Os traficantes que aumentarão seus lucros, poder e séquito de violência.
Temos que proteger nossos jovens diminuindo a oferta de drogas na rua, e não o contrário. Temos que proteger os mais vulneráveis da dependência, suas famílias e a sociedade da devastação que as drogas causam. Temos que proteger os milhares de Diegos de uma morte prematura e sem sentido.
OSMAR TERRA, 65, médico, é deputado federal pelo PMDB-RS e presidente da Frente Parlamentar da Saúde e Defesa do SUS

TEXTO2
LEI DE DROGAS VIOLA A CONSTITUIÇÃO
O Brasil é um dos únicos países da América do Sul que ainda criminaliza o consumo de drogas. Se o STF seguir o recente voto dado pelo ministro Gilmar Mendes poderemos deixar de ser um dos países mais atrasado da região em matéria de legislação de drogas e aceitar que usuário não é caso de polícia.
Não seria o Congresso o espaço mais apropriado para este debate? Não. O que está em jogo é o respeito à Constituição. Tribunais constitucionais de vários países já decidiram que o Estado não pode criminalizar alguém pela decisão de ingerir uma substância. Cabe proibir ou regular, mas não utilizar o direito penal para lidar com o caso.
Além disso, o direito à saúde, amplamente garantido por lei, é desrespeitado ao se tratar o uso como crime. A dificuldade de se oferecer tratamento adequado nesse contexto é enorme. Foi graças à descriminalização do consumo que Portugal conseguiu praticamente zerar o número de overdoses.
Nossa Constituição também é desrespeitada pela forma como a lei é aplicada. A grande maioria dos presos com drogas portava pequenas quantidades, era réu primário e pobre. Muitos são, na verdade, usuários. Mas hoje o pensamento é de que ricos com pequenas quantidades são usuários e que pobres são traficantes, ainda mais se forem negros. Pessoas estão sendo presas por sua condição social, o que viola a Constituição. O STF não pode admitir tamanha injustiça.
Para que o tribunal corrija essa injustiça, não basta que decida pela descriminalização do consumo. É necessário que sejam estabelecidos critérios de distinção entre usuário e traficante. O Supremo pode e deve exigir que sejam estabelecidos critérios objetivos para acabar com a discriminação absurda com a qual convivemos hoje.
Em dezenas de países o critério objetivo mais usado é o da quantidade de drogas consumidas em um espaço de tempo, em geral de dez dias a um mês. A quantidade varia para cada tipo de droga, buscando se aproximar ao máximo da realidade do padrão médio de consumo de uma sociedade. A maioria dos países que adotaram esse critério, como Portugal, Espanha, Áustria, alguns estados dos EUA e Uruguai, o fez levando em conta dados sobre o consumo real.
Adotar quantidades muito baixas pode produzir efeitos perversos. O México estabeleceu quantidades muito pequenas e o efeito foi o aumento da quantidade de usuários presos. Para garantir o cumprimento da Constituição é necessário que sejam quantidades realistas.
Além disso, o critério quantidades não deve ser absoluto. Deve ser confrontado com outras questões como porte de armas ou prova de venda. Nenhum critério é perfeito, mas não se pode mais conviver com um sistema punitivo que encarcera negros e pobres, desconsiderando o princípio da presunção de inocência.
Importantes psiquiatras e neurocientistas brasileiros assinaram nota técnica com três cenários de quantidades de referência de consumo pessoal no Brasil. A nota foi escrita com base em pesquisas científicas, prática clínica e consultas a usuários, cultivadores, juristas, acadêmicos e lideranças sociais.
É fundamental que o Supremo Tribunal Federal leve em conta a opinião desses especialistas para tomar uma decisão que garanta o respeito à Constituição e produza efeitos positivos para a população.
A Constituição é descumprida cotidianamente na aplicação da lei de drogas no Brasil. Tratamento discriminatório, falta de acesso à saúde e violação à presunção de inocência são a regra. Cabe ao Supremo cumprir o seu papel de guardião da Constituição e garantir sua prevalência na execução da política de drogas em nosso país.
ILONA SZABÓ é diretora do Instituto Igarapé e coordenadora da Comissão Global de Políticas sobre Drogas da ONU
PEDRO ABRAMOVAY, 35, é diretor para a América Latina da Open Society Foundations, foi Secretário Nacional de Justiça (governo Dilma)m
http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2015/08/1675175-porte-de-drogas-deve-ser-descriminalizado-nao.shtl
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quinta-feira, 22 de outubro de 2015

A delinquência juvenil

A delinquência juvenil compreende os comportamentos antissociais praticados por menores e que sejam tipificados nas leis penais. O significado da expressão delinquência juvenil deve restringir-se o mais possível às infrações do Direito Penal. Foi usada pela primeira vez na Inglaterra, em 1815, por ocasião do julgamento de cinco meninos de 8 a 12 anos de idade. Desde o Código Criminal do Império (1830) já existia uma grande preocupação com a criminalidade infanto-juvenil. Nelson Hungria (ano, p. 353) acredita que:

O delinquente juvenil é, na grande maioria dos casos, um corolário do menor socialmente abandonado, e a sociedade, perdendo-o e procurando, no mesmo passo, reabilitá-Io para a vida, resgata o que é, em elevada proporção, sua própria culpa. 

Da mesma forma em relação aos adultos, diversas causas endógenas e exógenas influem sobre a conduta delituosa do menor. Essas causas podem ser de natureza genética, psicológica, patológica, econômica, sociológica ou familiar. Assim como adultos psicopatas, o delinquente juvenil com essa natureza é desprovido de sentimentos de culpa ou remorso, características inerentes às pessoas de bem. São más em suas essências.

Delinquência Juvenil (Causas Sociais)

É estarrecedor observar que crianças e adolescentes que deveriam estar brincando ou folheando livros nas escolas trafiquem drogas, empunhem armas e apertem gatilhos sem qualquer vestígio de piedade. 

Lógico que não podemos negar que muitas delas são influenciadas pelo meio social, no entanto, outras possuem inclinação voraz e inata ao crime, em que as condições de vida miseráveis dos pais, fome, subnutrição, alcoolismo, consumo de drogas, falta de condições mínimas de higiene e outros aspectos marcam a vida do novo ser antes do seu nascimento.

Em relação aos fatores criminógenos, de natureza exógena, relacionados ao meio social, aos aspectos psicológicos e psiquiátricos, que atuam negativamente sobre a criança e o adolescente, destacam-se: 
• Família sem coesão;
• Pai delinquente e hostil; 
• Mãe indiferente e hostil;
• Famílias numerosas, com problemas econômicos, dentre outros.

Realmente, as nossas crianças e adolescentes se veem desamparados pela sociedade, que lhe é hostil ou omissa, pela complexidade dos problemas sociais, políticos e econômicos dos nossos dias. Elas são pessoas em formação, sofrendo muitos problemas sociais, tanto no âmbito familiar quanto na estrutura social em vigor, que propicia a ausência de formação, diante dos problemas educacionais e econômicos vividos pelo país, resultando na violência desenfreada. 
Sem perspectivas de boa educação escolar e um futuro promissor na área profissional, e, dificilmente, a construção de um lar harmonioso, os jovens assumem o caminho da criminalidade, acreditando que terão dinheiro e poder. 

Esse caminho começa cedo, quando ainda crianças são espancadas rotineiramente por um pai bêbado, que chega a casa, exaurido pelo desgaste do trabalho, de pelo menos 12 horas por dia, para ganhar um salário-mínimo no fim do mês. Tudo isso influencia os jovens a iniciarem o caminho da criminalidade. Primeiro porque a criança não nasce totalmente má, nem totalmente boa. A maldade e a bondade são adquiridas na formação familiar, pois não é necessário questionar que um jovem desencaminhado, em sua maioria, é vítima de maus cuidados morais e higiênicos, em que vive a maior parte das famílias que residem nas favelas, resultado da estrutura social e política posta em ordem no país.

Assim, uma infância e adolescência vivida na mais completa miséria, a instabilidade afetiva, lares destruídos, educação inadequada e desempregos são causas da criminalidade de jovens no Brasil, já que por não terem formação de personalidade são diretamente influenciados pela estrutura capitalista imposta no país.

Para Roberto Lyra (ano), “as causas da criminalidade começam e acabam na sociedade. Para Heleno Cláudio Fragoso (1991, p. 441):
A criminalidade aumenta, e provavelmente continuará aumentando, porque está ligada a uma estrutura social profundamente injusta e desigual, que marginaliza cada vez mais a extensa faixa da população, apresentando quantidades alarmantes de menores abandonados ou em estado de carência.

Enquanto não se atuar nesse ponto, será inútil punir, como será inútil, para os juristas, a elaboração de seus belos sistemas.

Importante destacar que os crimes cometidos na faixa etária do menor são consequentes do sistema capitalista implantado no mundo. Vivendo nesse sistema, as pessoas nunca estão satisfeitas com o que têm, querem sempre mais.

A grande jogada do capitalismo é a propaganda. Outra consequência é a desigualdade social, uns tendo de sobra (porém, ainda querendo mais), e outros não tendo nada. Essa disparidade social e, em contrapartida, o desejo incontrolado de consumo causam as manifestações dos atos delituosos.

Agora, é importante frisar que o desvio dos jovens não acontece somente nas classes sociais de baixa renda, mas também com àqueles de classe média alta, destinados a um bom ensino escolar, dispondo de facilidades como automóveis e excelentes vestimentas.

Sem limites, estes se entregam ao crime, geralmente por adquirirem o vício de drogas ilícitas e, em consequência de tal dependência, furtam acessórios e veículos.

O Estatuto da Criança e do Adolescente precisa atuar. A Lei 8.069/90 é eficaz, precisa e muito bem elaborada, entretanto, não é mais possível permitir que fique somente no papel.

O cumprimento desse princípio inclui manter a criança e o adolescente dentro da escola e longe da criminalidade. A lei é boa, mas para ser eficiente necessita ser aplicada. Para isso é preciso entrosamento do governo, do legislador, enfim, do Estado e do povo.

Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online : Mais de 1000 cursos online com certificado 
http://www.portaleducacao.com.br/direito/artigos/24933/delinquencia-juvenil#ixzz3pJpEVpz0

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Numa cidadezinha da Inglaterra, uma jovem dá à luz um menino e morre em seguida. O pequeno órfão recebe o nome de Oliver Twist e vive seus primeiros nove anos em instituições de caridade. Não suportando tantos maus-tratos, Oliver foge para Londres, onde inadvertidamente se junta a um bando de marginais, comandado por um dos grandes vilões da história da literatura - Fagin. Passa por muito sofrimento antes de viver feliz com a herança que o pai lhe deixou e a inesperada família que encontrou. 
Publicado originalmente em folhetim, em 1837-8, Oliver Twist é um dos livros mais famosos de Charles Dickens (1812-70) e o primeiro romance em língua inglesa a ter uma criança como protagonista. Como ocorre na maioria de suas obras, Dickens usou da imaginação para criar as peripécias de suas personagens, porém retratou com boa dose de realismo a sociedade de seu tempo. 
Voltada para o público infanto-juvenil, a presente edição traz uma adaptação do texto feita por Naia Bray-Moffatt, ricamente ilustrada por Ian Andrew e complementada por fotos, gravuras e informações que situam a narrativa no contexto histórico, fornecendo aos leitores uma visão mais ampla do mundo do pequeno órfão e de seu criador.http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=40377


Se puder veja um pouco o filme Oliver Twist

https://www.youtube.com/watch?v=wuAH_rKy7a4


lEITURA

http://www.mackenzie.br/fileadmin/Editora/Revista_Psicologia/Teoria_e_Pratica_Volume_3_-_Numero_1/v3n1_art1.pdf


Escreva um texto dissertativo argumentativo em que busque soluções para acabar com essa modalidade de agressão

A modalidade é o Bullying!!!

  É exercido por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa.
Bullying é um termo da língua inglesa (bully = "valentão") que se refere a todas as formas de atitudes agressivas, verbais ou físicas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente e são exercidas por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa sem ter a possibilidade ou capacidade de se defender, sendo realizadas dentro de uma relação desigual de forças ou poder.
O bullying se divide em duas categorias: a) bullying direto, que é a forma mais comum entre os agressores masculinos e b) bullying indireto, sendo essa a forma mais comum entre mulheres e crianças, tendo como característica o isolamento social da vítima. Em geral, a vítima teme o(a) agressor(a) em razão das ameaças ou mesmo a concretização da violência, física ou sexual, ou a perda dos meios de subsistência.
O bullying é um problema mundial, podendo ocorrer em praticamente qualquer contexto no qual as pessoas interajam, tais como escola, faculdade/universidade, família, mas pode ocorrer também no local de trabalho e entre vizinhos. Há uma tendência de as escolas não admitirem a ocorrência do bullyingentre seus alunos; ou desconhecem o problema ou se negam a enfrentá-lo. Esse tipo de agressão geralmente ocorre em áreas onde a presença ou supervisão de pessoas adultas é mínima ou inexistente. Estão inclusos no bullying os apelidos pejorativos criados para humilhar os colegas.
As pessoas que testemunham o bullying, na grande maioria, alunos, convivem com a violência e se silenciam em razão de temerem se tornar as "próximas vítimas" do agressor. No espaço escolar, quando não ocorre uma efetiva intervenção contra o bullying, o ambiente fica contaminado e os alunos, sem exceção, são afetados negativamente, experimentando sentimentos de medo e ansiedade.
As crianças ou adolescentes que sofrem bullying podem se tornar adultos com sentimentos negativos e baixa autoestima. Tendem a adquirir sérios problemas de relacionamento, podendo, inclusive, contrair comportamento agressivo. Em casos extremos, a vítima poderá tentar ou cometer suicídio.
O(s) autor(es) das agressões geralmente são pessoas que têm pouca empatia, pertencentes à famílias desestruturadas, em que o relacionamento afetivo entre seus membros tende a ser escasso ou precário. Por outro lado, o alvo dos agressores geralmente são pessoas pouco sociáveis, com baixa capacidade de reação ou de fazer cessar os atos prejudiciais contra si e possuem forte sentimento de insegurança, o que os impede de solicitar ajuda.
No Brasil, uma pesquisa realizada em 2010 com alunos de escolas públicas e particulares revelou que as humilhações típicas do bullying são comuns em alunos da 5ª e 6ª séries. As três cidades brasileiras com maior incidência dessa prática são: Brasília, Belo Horizonte e Curitiba.
Os atos de bullying ferem princípios constitucionais - respeito à dignidade da pessoa humana - e ferem o Código Civil, que determina que todo ato ilícito que cause dano a outrem gera o dever de indenizar. O responsável pelo ato de bullying pode também ser enquadrado no Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista que as escolas prestam serviço aos consumidores e são responsáveis por atos de bullyingque ocorram dentro do estabelecimento de ensino/trabalho.
Orson Camargo
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Sociologia e Política pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo - FESPSP
Mhttp://omundodafilosofia.arteblog.com.br/534089/O-crime-de-Bullying/estre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP

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Quando os estudantes Eric Harris, de 18 anos, e Dylan Klebold, de 17, assassinaram, em 1999, 12 colegas de escola e um professor, deixando mais de 20 pessoas feridas e se suicidando em seguida, foi como se um véu fosse tirado do rosto da população mundial, indignada com o ato gratuito de violência. A cena, de guerra, chocou milhões de pessoas que, em suas vidas rotineiras, atribuiriam o ato a figuras marginais, possivelmente de origem humilde, moradores da periferia de um país subdesenvolvido. Nunca, sob hipótese alguma, imaginariam, em seus piores pesadelos, tratar-se de um acontecimento em uma das escolas de maior destaque dos Estados Unidos, a Columbine High School. O que teria motivado aqueles dois adolescentes a agir com tamanha hostilidade?
O episódio, até hoje, não foi totalmente esclarecido. Desconfia-se que Harris e Klebold teriam tomado tal atitude como forma de se vingar dos colegas pela exclusão escolar que ambos teriam sofrido durante muito tempo. No entanto, o acontecimento gerou uma série de discussões sobre maus-tratos aos adolescentes nas escolas, entre eles o Bullying. E Columbine se transformou em referência quando o assunto é violência escolar.
No Brasil, casos semelhantes ao da escola norte-americana já foram retratados pela mídia e chamaram a atenção das autoridades para o problema. Um exemplo aconteceu em 2003, quando o estudante Edmar Aparecido Freitas, de 18 anos, invadiu o colégio onde estudava, no interior de São Paulo e, armado, atirou em nove pessoas e depois se matou. O motivo para tal ato foi que Edmar era gordinho durante a infância e boa parte da adolescência e, por isso, tornou-se alvo de chacotas por parte dos colegas. Mesmo quando conseguiu emagrecer, os outros alunos não o deixaram em paz - o que teria sido o suficiente para deflagrar a tragédia.
"É possível classificar como Bullying agressões verbais e físicas, assédios, ações desrespeitosas, realizadas de maneira recorrente e intencional"
Sem nenhum termo correspondente em português, o Bullying é uma palavra inglesa utilizada para descrever atos de violência física ou psicológica provocados pelo Bully (valentão) contra alguém em desvantagem de poder, sem qualquer motivação aparente. O fenômeno, evidentemente, não é novo. Mas só virou tema de estudo no início dos anos 1980, quando o professor Dan Olweus, da Universidade de Bergen (Noruega), iniciou investigações sobre o problema dos agressores e suas vítimas nas escolas. O genocídio em Columbine foi o divisor de águas que trouxe o debate para a mídia e para outras esferas sociais.
Especialistas apontam o Bullying como a forma mais frequente de abuso psicológico praticado em diversos ambientes como escolas, locais de trabalho e até dentro da própria família, entre irmãos, por exemplo
É possível enquadrar como Bullying desde agressões (verbais e físicas), assédios até outras ações desrespeitosas realizadas de maneira recorrente e intencional por parte dos agressores, seja por uma questão circunstancial ou por uma desigualdade subjetiva de poder. Já é apontado pelos especialistas em violência como uma das formas de abuso que mais cresce no mundo, uma vez que pode acontecer em qualquer contexto social, como escolas, universidades, famílias, entre vizinhos e em locais de trabalho. "O Bullying é um fenômeno complexo e de difícil identificação.
Por isso, é  importante que os diversos profissionais tenham pleno entendimento de sua existência e seu funcionamento para que não haja equívocos nos  encaminhamentos, atendimentos e procedimentos aos envolvidos", explica Cléo Fante, pedagoga pioneira no estudo do tema no Brasil e autora de Bullying Escolar (Artmed).
"No entanto, por ser um tema de extrema relevância social, que conquista cada vez mais visibilidade nos debates públicos, vários  equívocos vem ocorrendo em relação à  aplicabilidade  do termo. É por essa razão que, entre os estudiosos brasileiros, convencionou-se empregá-lo somente quando ocorre na relação entre estudantes, seja no ambiente escolar ou virtual."
O motivo de restringir o Bullying ao ambiente escolar, segundo Cléo Fante, é que a escola teria a chave para o sucesso das ações de prevenção e controle do fenômeno. "Além disso, seu poder propagador de envolver crianças em tenra idade traz consequências graves de aspectos físicos e emocionais à vítima, ao agressor e às testemunhas, o que precisa ser combatido de maneira rápida e eficaz", diz. Não é difícil entender o porquê.
Programa de intervenção
Os primeiros resultados sobre o diagnóstico do Bullying de que se tem notícia foi registrado pelo professor norueguês Dan Olweus, em 1989. Numa pesquisa feita com cerca de 84 mil estudantes, 300 a 400 professores e mil pais verificou-se que 1 em cada 7 alunos estava envolvido nesta prática.
Com a publicação de seu livro Bullying at School, em 1993, Olweus apresentou ao mundo os resultados de seu trabalho de pesquisa, além de sugerir projetos de intervenção e uma relação de sinais ou sintomas que poderiam ajudar a identificar possíveis agressores e vítimas. Essa obra deu origem a uma campanha nacional anti-bullying, que contou com o apoio do governo norueguês e que ajudou a reduzir em cerca de 50% os casos de Bullying nas escolas locais.
Além de desenvolver regras claras contra o Bullying, o programa de intervenção proposto por Olweus tinha como características principais alcançar um envolvimento ativo por parte de professores e pais, aumentar a conscientização do problema, eliminando alguns mitos sobre o tema e provendo apoio psicológico e proteção para as vítimas. Sua repercussão em outros países, como o Reino Unido, Canadá e Portugal, incentivou essas nações a desenvolverem as suas próprias ações.
erfil dos envolvidos
Cada caso deve ser considerado isoladamente e rotular os envolvidos pode significar a simplificação de uma questão que deve ser avaliada com cautela e carinho. No entanto, os especialistas apontam algumas características padrão no perfil dos agentes participantes dos casos de Bullying.
Os autores, frequentemente, são indivíduos que pertencem a famílias desestruturadas, com pouco relacionamento afetivo e cujos pais exercem uma supervisão pobre sobre eles, oferecendo o comportamento agressivo ou explosivo como modelo na solução de conflitos - o que, em tese, aumenta a probabilidade desses jovens de se tornarem adultos com comportamentos antissociais e/ou violentos.
Os alvos, por sua vez, não dispõem de recursos, status ou habilidade para reagir ou fazer cessar os atos danosos contra si. Geralmente têm poucos amigos, são passivos, quietos e não se opõem, efetivamente, aos atos de agressividade sofridos.
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Exemplo europeu
 Em Portugal, três psicólogos de diferentes instituições realizaram o estudo Bullying Agressividade em Meio Escolar, que concluiu que há pouquíssimos casos de comportamentos agressivos sobre jovens específicos no país. Nos 1410 alunos do primeiro ciclo de escolaridade das escolas analisadas, menos de 20 eram bullies (que agridem psicologicamente e fisicamente os seus pares), ou seja, cerca de 1,4 por cento.

Convencionou-se usar o termo Bullying somente em meio escolar devido a sua má empregabilidade em casos distintos
Já as testemunhas, representadas pela grande maioria dos alunos, convivem com a violência e se calam em razão do temor de se tornarem as "próximas vítimas". "Embora muito debatido, o Bullying ainda não é totalmente compreendido pelos pais e professores que chegam a pensar que algumas agressões são brincadeiras 'típicas da idade", necessárias para o amadurecimento dos filhos e dos alunos", afirma o pediatra, especialista sobre o assunto e editor do site Observatório da Infância, Lauro Monteiro Filho. "No entanto, o Bullying na escola é muito mais comum do que pensam professores e pais. É preciso alertálos sobre os riscos de um ambiente em que a prática é frequente."
Identificar os alunos que são vítimas, agressores ou testemunhas é de extrema importância para que as escolas e as famílias dos envolvidos possam elaborar estratégias e traçar ações efetivas contra o fenômeno. De acordo com a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, autora do livro Mente perigosa nas escolas: Bullying (Fontanar), ao contrário do que se pode imaginar, o impacto desta prática é negativa não apenas para quem é vítima. Agressores e testemunhas também sofrem. "Cada personagem da trama apresenta um comportamento típico, tanto na escola como em seus lares", informa. E destaca as principais mudanças de atitude:
"Os agressores apresentam, habitualmente, atitudes hostis, desafiadoras e agressivas, inclusive em ambiente doméstico"
Sintomas psicóticos
Recentemente, investigadores da Universidade de Warwick revelaram mais um agravante do Bullying. A descoberta aponta que crianças que sofrem de maus-tratos físicos ou emocionais por parte dos colegas duplicam as chances de desenvolver sintomas psicóticos na primeira adolescência, quando comparados a crianças que não sofreram tais agressões. Contudo, os dados explicam que se essa experiência de Bullying se prolongar ao longo dos anos, esse risco aumenta para até quatro vezes.
Os sintomas psicóticos são variados, incluem alucinações, delírios - como acreditar que está sendo observado - ou percepções fora do normal - como crer que os seus pensamentos estão sendo verbalizados e ouvidos pelos outros. Os cientistas explicam que as vítimas podem sofrer efeitos sérios que levam a alteração da percepção do mundo. Isto indicaria que os relacionamentos sociais perturbados com colegas é um fator de risco importante no desenvolvimento destes sintomas de psicose na adolescência e pode aumentar o risco de desenvolver no indivíduo adulto.
As crianças que integraram o estudo, divulgado pelo Science Daily, foram submetidas a entrevistas presenciais, a partir dos sete anos e meio, bem como a testes físicos e psicológicos. Os pais também participaram, respondendo a questionários sobre a saúde, o desenvolvimento e o comportamento dos seus filhos. Quando chegaram aos 13 anos, foram entrevistados sobre as experiências de sintomas psicóticos nos seis meses anteriores.
No ambiente escolar, as vítimas ficam isoladas do grupo ou próximo de adultos que podem protegê-la. Na sala de aula, a sua postura é retraída e geralmente têm dificuldades de se expor e fazer perguntas, por exemplo. Apresentam faltas frequentes, mostram-se comumente tristes, deprimidas ou aflitas. Nos jogos ou atividades em grupos, sempre são as últimas a serem escolhidas e, aos poucos, vão se desinteressando das tarefas escolares. Em casa, queixam-se de dores de cabeça, enjoo, dor de estômago, tonturas, vômitos, perda de apetite, insônia. "Os sintomas tendem a ser mais intensos no período que antecede o horário de entrarem na escola", diz a médica. "Além disso, o estresse vivenciado pelas vítimas de Bullying ocasiona baixa imunidade fisiológica, debilitando o organismo como um todo."

As vítimas também apresentam mudanças intensas de estado de humor, podendo apresentar explosões repentinas de irritação ou raiva. Outro sinal que pode significar que a criança está sendo vítima de Bullying é passar a gastar mais do que o habitual com presentinhos para os colegas. "Essa é uma tentativa de agradar os amigos por meio de favores materiais para evitar as perseguições", explica a psiquiatra.
Os agressores, segundo a psiquiatra, estão sempre se envolvendo, de forma direta ou velada, em desentendimentos e discussões entre alunos, ou entre alunos e professores. Apresentam, habitualmente, atitudes hostis, desafiadoras e agressivas, inclusive no ambiente doméstico. As testemunhas, por sua vez, costumam não apresentar sinais explícitos que denunciem a situação que estão vivendo. Tendem a se manter calados sobre o que sabem ou presenciam. Flavia (nome fictício), 36 anos, é um caso típico de como o Bullying pode prejudicar uma pessoa, mesmo anos depois de ter acontecido. Por ter uma irmã excepcional, desde muito cedo teve de lidar com o preconceito. "Nunca fui destratada diretamente, mas ouvia comentários sobre a minha irmã, frequentemente pelas costas", recorda. "Evidentemente, apesar da minha indignação e revolta, eu não sabia como reagir àquilo e permanecia calada."
Estudiosos alertam para o cuidado com os rótulos de comportamento e perfil, mas algumas características são consideradas como padrão nos agentes participantes do

Adulta, Flavia se deparou com uma série de problemas: desorganização, crises financeiras, sentimentos negativos. Incomodada, decidiu procurar por ajuda profissional. "Na terapia, descobri que tudo estava relacionado àquela situação de Bullying: sem coragem para reagir às críticas à minha irmã, desenvolvi uma baixa autoestima que me sabotava em quase todas as áreas da minha vida", revela.
Segundo a psicoterapeuta Fabiana Carvalhal, do Instituto ConheSer, a baixo auto-estima é apenas um dos danos psicológicos que acomete quem sofreu ou presenciou o Bullying.
"Ao contrário do que se supõe, os danos não são comuns apenas em quem está passando pelo problema. Geralmente, os pacientes chegam ao consultório para tratar de algum transtorno decorrente do Bullying, como fobia social, transtorno de ansiedade, transtorno obsessivo compulsivo e transtorno do pânico, sentimentos negativos, problemas de relacionamento e até mesmo agressividade, ansiedade, dificuldades de relacionamento interpessoal,   dificuldade de concentração, mudanças de humor súbitas, choro, insônias, medo do escuro, ataques de pânico sem motivo, sensação de aperto no coração, automutilação, estresse e tentativa de suicídio. No decorrer do processo percebemos que a causa foi ou é o Bullying", diz.
De acordo com Fabiana, o tratamento, em geral, é feito com psicoterapia. "Mas, em casos mais graves, há a necessidade de encaminhamento e análise de um médico psiquiatria para prescrição de medicamentos", informa.
Um estudo feito com 6437 crianças desde o nascimento até aos 13 anos, realizado pela Universidade de Warwick, no Reino Unido, também revelou que as vítimas podem sofrer efeitos sérios que levam a alteração da percepção do mundo, como alucinações, delírios ou pensamentos bizarros.



Brincadeira de mau gosto
O Bullying significa atos de violência física ou psicológica, sem motivação aparente e contra alguém em desvantagem de poder, traz consequências desastrosas para vítimas, agressores e testemunhas e se transforma em tema de políticas públicas em todo o mundo

Por Juliana Tavares

Mais grave do que parece
Uma pesquisa realizada pela Plan Brasil, em 2009, e divulgada em abril deste ano, pretendeu conhecer as situações de violência entre estudantes e Bullying nas escolas brasileiras. Ao todo, foram selecionadas cinco escolas de cada região do país, das quais 20 eram públicas municipais e 5 eram particulares. Participaram do estudo 5.168 alunos de 11 a 15 anos, além de pais e responsáveis, técnicos, professores ou gestores de escolas pesquisadas. Segundo o assessor de pesquisa e avaliação da Plan Brasil, Tarcísio Silva, os dados revelaram que 70% da amostra de estudantes responderam ter presenciado cenas de agressões entre colegas, enquanto 30% deles declararam ter vivenciado ao menos uma situação violenta no mesmo período. "A pesquisa mostrou, ainda, que o Bullying é mais comum nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do país e que a incidência maior está entre os adolescentes alocados na sexta série do ensino fundamental", afirma.
Embora, durante as entrevistas, os participantes tenham tido dificuldade em explicitar os motivos que os levam a sofrer ou a praticar agressões, os estudantes tendem a considerar que os agressores buscam obter popularidade junto aos colegas. "Boa parte das crianças que afirmaram praticar o Bullying, disse fazer isso como forma de afirmação social, tendo esse "status" reconhecido na medida em que seus atos são observados e, de certa forma, consentidos pela omissão e falta de reação dos atores envolvidos", garante Tarcísio Silva. "Já as vítimas são sempre descritas pelos respondentes como pessoas que apresentam alguma diferença em relação aos demais colegas, como um traço físico marcante, algum tipo de necessidade especial, o uso de vestimentas consideradas diferentes, a posse de objetos ou o consumo de bens indicativos de status socioeconômico superior ao dos demais alunos, o que faz com que os agressores as considerem merecedoras das agressões dado seu comportamento frágil e inibido."
"O estresse vivenciado pelas vítimas de Bullying ocasiona baixa imunidade fisiológica, debilitando todo o organismo"
O mais interessante da pesquisa, segundo o assessor da Plan Brasil, é que os próprios alunos ressaltaram que os prejuízos sobre o processo de aprendizagem atingem tanto vítimas quanto agressores - que dizem perder a concentração porque dedicam o tempo para pensar no que vai fazer à vítima.
A pesquisa também apontou a Internet como local de prática de Bullying - o Cyberbullying. Os dados revelaram que 16,8% dos respondentes são vítimas, 17,7% são praticantes e apenas 3,5% são vítimas e praticantes ao mesmo tempo. "Independentemente da idade das vítimas, o envio de e-mails maldosos é o tipo de agressão mais frequente, seguido da invasão de e-mails pessoais para se passar pela vítima", pontua Tarcísio Silva. "Houve relatos de crianças de 10 anos invadindo e-mails pessoais, se fazendo passar pela vítima, para poder difamá-la."
Políticas públicas
A seriedade do tema promoveu a criação de políticas públicas anti-bullying por alguns municípios do Brasil. Em março, a Câmara Municipal de Porto Alegre aprovou, por unanimidade, o projeto que tem como objetivo combater este fenômeno.
De acordo com a proposta, ficou definido como Bullying as ameaças e agressões físicas como bater, socar, chutar, agarrar, empurrar, submeter o outro por força à condição humilhante; furto, roubo, vandalismo e destruição proposital de bens alheios; extorsão e obtenção forçada de favores sexuais; insultos ou atribuição de apelidos vergonhosos ou humilhantes; comentários racistas, homofóbicos ou intolerantes quanto às diferenças econômico-sociais, físicas, culturais, políticas, morais e religiosas. Também estão listados como Bullying a exclusão ou isolamento proposital do outro, pela fofoca e disseminação de boatos ou de informações que deponham contra a honra e a boa imagem das pessoas; e envio de mensagens, fotos ou vídeos por meio de computador, celular ou assemelhado, bem como sua postagem em blogs ou sites cujo conteúdo resulte em sofrimento psicológico a alguém.
O projeto pretende disseminar conhecimento sobre esse fenômeno nos meios de comunicação e nas escolas, entre os responsáveis legais pelas crianças e adolescentes nelas matriculados; identificar concretamente, em cada instituição, a incidência e a natureza das práticas de Bullying e desenvolver planos locais para a prevenção e o combate às práticas violentas nas escolas, oferecendo às vítimas e familiares apoio técnico e psicológico, de modo a garantir a recuperação da autoestima das vítimas e a minimização dos eventuais prejuízos em seu desenvolvimento escolar.
Outros estados já mostram interesse de seguir o exemplo gaúcho. É o caso do Espírito Santo, cuja Assembleia Legislativa rejeitou, recentemente, o parecer da Comissão de Justiça que vetava o projeto anti-bullying nas escolas públicas e privadas do Estado. Um substitutivo do projeto prevê a inclusão de medidas no projeto pedagógico, das escolas públicas e privadas, de educação fundamental para a conscientização, prevenção, diagnóstico e combate ao Bullying.

Medidas insuficientes
De acordo com Tarcísio Silva, a pesquisa revelou que a gestão escolar e as competências dos docentes e técnicos do sistema de ensino não contemplam procedimentos de prevenção, controle e correção da violência que se manifesta em seu ambiente e nos arredores, tendo como protagonistas seus próprios alunos. "Mais do que uma omissão, ou carência de capacitação e de instrumentos apropriados, parece existir uma tendência a considerar que este tipo de problema e sua solução não fazem parte da natureza ou da missão de uma instituição de ensino", explica. "Os procedimentos adotados pelas escolas são as tradicionais formas de coação ao aluno, como a suspensão (culpabilização do aluno) e a conversa com pais (culpabilização da família), medidas claramente insuficientes para a abordagem do fenômeno.
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Projeto de Lei
 Os vereadores da cidade de Sumaré, em São Paulo, aprovaram por unanimidade, em segunda votação, o projeto de lei que pretende combater o Bullying nas escolas da cidade. A proposta designa que professores e equipe pedagógica serão treinados para a prática de conscientização, prevenção e combate ao problema. A medida prevê a capacitação dos professores por meio de cursos, palestras, debates, além de orientação de pais e alunos com a ajuda de cartilhas e seminários
"Os procedimentos adotados pelas escolas são as tradicionais ineficientes formas de coação ao aluno, como a suspensão e a conversa com os pais"
A alienação e a falta de instrução de pais, docentes e direção de instituições de ensino a respeito do Bullying, agravam cada vez mais o quadro deste fenômeno que cresce no mundo
Já o discurso de pais e familiares evidenciou que a responsabilização pela emergência de fatores desencadeadores da violência entre os estudantes é mutuamente atribuída. De um lado, as famílias são acusadas de não assumirem a socialização adequada das crianças, e de outro, os profissionais das escolas são acusados de desinteresse, incompetência, alienação em relação às necessidades e aos problemas dos alunos."
Ações para diminuir o Bullying nas escolas
De acordo com o pedagogo William Sanches, algumas atitudes podem mitigar o fenômeno nas escolas. Segundo ele, resgatar os jovens excluídos e promover neles o sentimento de pertencer à comunidade pode ser incentivado pelos educadores através de discussões, oficinas e projetos de integração como forma de trazer pais e filhos para dentro do ambiente escolar. Além de integrar escola e família, essas ações podem ajudar a criança a:
 Superar a invisibilidade e recuperar a identidade social;
 Valorizar as vivências sociais;
 Trabalhar contra os estigmas;
 Agir contra a violência;
 Valorizar o respeito.
Evidentemente, não existem soluções simples para se combater o Bullying. Mas, criar procedimentos preventivos e formas de reação ágeis para evitar a ocorrência de situações de Bullying e quaisquer outras manifestações de violência entre estudantes parece ser a maneira mais eficaz de evitar que um acontecimento isolado se transforme numa prática recorrente.
O pediatra Aramis Antonio Lopes Neto, presidente do departamento científico de segurança da criança e do adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria, avisa que as normas dentro da escola devem ser claras, objetivas, aplicadas com rigor e transparência. "Mas, principalmente, é preciso envolver todos os agentes da escola: de alunos e funcionários a pais e comunidade, como forma de assegurar a legitimidade da aplicação do programa de prevenção", finaliza.http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/58/artigo187584-4.asp