terça-feira, 27 de setembro de 2016

homofobia









dissertação (Enem)
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “ A HOMOFOBIA E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA O CONVÍVIO SOCIAL"
”, apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Instruções Enem:
1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.
3. A redação com até 7 (sete) linhas escritas será considerada “insuficiente” e receberá nota zero.
4. A redação que fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo receberá nota zero.
5. A redação que apresentar proposta de intervenção que desrespeite os direitos humanos receberá nota zero.
6. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.


texto 1
 palavra homofobia significa a repulsa ou o preconceito contra a homossexualidade e/ou o homossexual. Esse termo teria sido utilizado pela primeira vez nos Estados Unidos em meados dos anos 70 e, a partir dos anos 90, teria sido difundido ao redor do mundo.  A palavra fobia denomina uma espécie de “medo irracional”, e o fato de ter sido empregada nesse sentido é motivo de discussão ainda entre alguns teóricos com relação ao emprego do termo. Assim, entende-se que não se deve resumir o conceito a esse significado.
Podemos entender a homofobia, assim como as outras formas de preconceito, como uma atitude de colocar a outra pessoa, no caso, o homossexual, na condição de inferioridade, de anormalidade, baseada no domínio da lógica heteronormativa, ou seja, da heterossexualidade como padrão, norma. A homofobia é a expressão do que podemos chamar de hierarquização das sexualidades. Todavia, deve-se compreender a legitimidade da forma homossexual de expressão da sexualidade humana.
No decorrer da história, inúmeras denominações foram usadas para identificar a homossexualidade, refletindo o caráter preconceituoso das sociedades que cunharam determinados termos, como: pecado mortal, perversão sexual, aberração.
Outro componente da homofobia é a projeção. Para a psicologia, a projeção é um mecanismo de defesa dos seres humanos, que coloca tudo aquilo que ameaça o ser humano como sendo algo externo a ele. Assim, o mal é sempre algo que está fora do sujeito e ainda, diferente daqueles com os quais se identifica. Por exemplo, por muitos anos, acreditou-se que a AIDS era uma doença que contaminava exclusivamente homossexuais. Dessa forma, o “aidético” era aquele que tinha relações homossexuais. Assim, as pessoas podiam se sentir protegidas, uma vez que o mal da AIDS não chegaria até elas (heterossexuais). A questão da AIDS é pouco discutida, mantendo confusões como essa em vigor e sustentando ideias infundadas. Algumas pesquisas apontam ainda para o medo que o homofóbico tem de se sentir atraído por alguém do mesmo sexo. Nesse sentido, o desejo é projetado para fora e rejeitado, a partir de ações homofóbicas.
 Assim, podemos entender a complexidade do fenômeno da homofobia que compreende desde as conhecidas “piadas” para ridicularizar até ações como violência e assassinato. A homofobia implica ainda numa visão patológica da homossexualidade, submetida a olhares clínicos, terapias e tentativas de “cura”.
A questão não se resume aos indivíduos homossexuais, ou seja, a homofobia compreende também questões da esfera pública, como a luta por direitos. Muitos comportamentos homofóbicos surgem justamente do medo da equivalência de direitos entre homo e heterossexuais, uma vez que isso significa, de certa maneira, o desaparecimento da hierarquia sexual estabelecida, como discutimos.
Podemos entender então que a homofobia compreende duas dimensões fundamentais: de um lado a questão afetiva, de uma rejeição ao homossexual; de outro, a dimensão cultural que destaca a questão cognitiva, onde o objeto do preconceito é a homossexualidade como fenômeno, e não o homossexual enquanto indivíduo.
Em maio de 2011, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a legalidade da união estável entre pessoas do mesmo sexo no Brasil. A decisão retomou discussões acerca dos direitos da homossexualidade, além de colocar a questão da homofobia em pauta.
Apesar das conquistas no campo dos direitos, a homossexualidade ainda enfrenta preconceitos. O reconhecimento legal da união homoafetiva não foi capaz de acabar com a homofobia, nem protegeu inúmeros homossexuais de serem rechaçados, muitas vezes de forma violenta.http://brasilescola.uol.com.br/psicologia/homofobia.htm


TEXTO 2
O relatório anual sobre o assassinato de homossexuais, divulgado nesta quinta-feira, 28, pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) - mais antiga entidade do gênero do Brasil - indica que 318 gays foram mortos em 2015 em todo o País. Desse total de vítimas, o GGB diz que 52% são gays, 37% travestis, 16% lésbicas, 10% bissexuais. O número é levemente menor que em 2014 quando, conforme o grupo, foram anotados 326 assassinatos.

Os estados onde ocorreram mais casos em números absolutos foram São Paulo, com 55 assassinatos; e Bahia, 33. No entanto, se for comparada com a população total, Mato Grosso do Sul foi considerado o estado mais homofóbico, pela entidade, com 6,49 homicídios para cada 1 milhão de pessoas, seguido do Amazonas, com 6,45.
Para a população total do Brasil, o índice de assassinatos de LGBT é de 1,57 para cada milhão de habitantes. O levantamento foi feito em 187 cidades brasileiras, incluindo pequenos centros urbanos, como Ibiá, na Bahia, com 7 mil habitantes.
Manaus foi considerada a capital mais "homofóbica" de 2015 com 23 assassinatos - 11,3 mortes para cada milhão de habitantes, seguida de Porto Velho, cujas 5 mortes representam 10,1 por um milhão. Uma travesti e um gay brasileiros foram assassinadas no exterior: Espanha e Estados Unidos. Foram incluídos também cinco suicídios de homossexuais masculinos.
Nordeste na liderança
Em termos regionais, dos 318 assassinatos documentados em 2015, o Nordeste continua liderando a violência em números absolutos com 106 óbitos, seguido do Sudeste com 99, o Norte com 50, Centro-Oeste 40 e 21 no Sul. Porém, comparando o total da população regional, o Norte foi a região que o GGB considera mais "homotransfóbica", com 2,9 assassinatos para cada 1 milhão de habitantes, seguido do Centro-Oeste com 2,6, Nordeste com 1,8, Sudeste com 1,1 e Sul com 0,7 - sendo a média do Brasil 1,5 e o Distrito Federal, 2,1.
O estudo mostra ainda que a Bahia registrou um aumento de 25 para 33 assassinatos entre 2014-2015, enquanto o Rio de Janeiro diminui de 22 para 12 mortes.

O antropólogo Luiz Mott, fundador do GGB e coordenador da pesquisa disse que "nada garante que o decréscimo de oito mortes entre 2014-2015 represente uma tendência previsível para os próximos anos, a menos que políticas públicas e leis condenatórias sejam aprovadas e efetivadas em nosso país". Na sua opinião "lastimavelmente, a violência anti-homossexual cresce incontrolavelmente no Brasil. Nos 8 anos do governo FHC, foram documentados 1.023 crimes homofóbicos, uma média de 127 por ano; no Governo Lula, subiram para 1.306, com média de 163 assassinatos por ano; nos 5 anos, no Governo Dilma, tais crimes atingiriram a cifra de 1.561, com média de 312 assassinados anuais - mais que o dobro da média dos governos anteriores. Daí a urgência da Presidenta cumprir sua promessa de campanha de criminalizar a homofobia - segundo ela, uma barbárie!"
Perfil das vítimas
Em relação ao perfil das vítimas, a pesquisa mostra que a violência "atinge todas as cores, idades, classes sociais e profissões: a vítima de menor idade foi Michael, 13 anos, parda, de Rio Claro, SP, uma pré-adolescente em construção de sua performance feminina, que gostava de se vestir de menina, encontrada morta na pista com 15 facadas.
O mais idoso, um renomado médium do Rio de Janeiro, 74 anos, encontrado morto amordaçado, com marcas de tortura e espancamento, identificado como homossexual pela ex-esposa", diz um trecho do relatório, acrescentando que "predominam as mortes de LGBT menores de 29 anos (58%), pessoas portanto, na flor da idade produtiva. Menores de 18 anos representam 21%, sugerindo a precocidade da iniciação homoerótica e grande vulnerabilidade, sobretudo das jovens travestis e transexuais profissionais do sexo".

A causa mortis das vítimas mostra traços de ódio intenso. Entre os casos coletados está o do bacharel Helmiton Figueiredo, 30 anos, de Cabo de Santo Agostinho, PE, morto com 60 facadas; Bruno C. Xavier, esquartejado e cimentado em seu apartamento em Diadema, SP e Pablo Garcez, pedreiro de 35 anos, de Manaus, teve seu tronco e braços decepados.

O analista de sistemas Eduardo Michels, do Rio de Janeiro, coordenador do banco de dados da pesquisa, "a subnotificação destes crimes é notória, indicando que tais números representam apenas a ponta de um iceberg de violência e sangue, já que nosso banco de dados é construído a partir de notícias de jornal e internet. Infelizmente são raríssimas as informações enviadas pelas mais de trezentas Ongs LGBT brasileiras. E a Secretaria Nacional de Direitos Humanos e o Disk 100 atestam sua incompetência ao não documentar a violência letal contra mais de 10% da população brasileira constituída por LGBT. A realidade deve certamente ultrapassar em muito tais estimativas, sobretudo nos últimos anos, quando os familiares das vítimas, policiais e delegados cada vez mais, sem provas e sem base teórica, descartam preconceituosamente a presença de homofobia em muitos desses homocídios".

O GGB alerta que 2016 começou "ainda mais homofóbico. A entidade registrou 30 assassinatos de LGBT em 28 dias, um assassinato a cada 22 horas.

texto 3

Lei em trânsito pode diminuir preconceito
O projeto de Lei 5003/2001 de autoria da deputada Iara Bernardi (PT-SP) determina "sanções às práticas discriminatórias em razão da orientação sexual das pessoas" e foi aprovado na Comissão de Cidadania e Justiça. Hoje, aguarda votação no senado sob o número 122/2006. O documento define como ofensivos os comportamentos preconceituosos envolvendo não só orientação sexual, mas também "os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero".
Como milhares de outras leis de nosso país, pode até ser que este instrumento legal não sirva para acabar de vez com o preconceito, o que muito provavelmente não vai acontecer. A simples veiculação na mídia e os desdobramentos das manifestações, porém, servirão para tentar diminuir a homofobia por aqui. Se ainda conseguir fazer com que novos debates surjam, a medida já terá sido benéfica para as futuras gerações.
Vale lembrar que embora a homofobia já seja classificada como crime em alguns estados, ainda não há uma lei nacional para combatê-la.
Data marcante
A discriminação nem sempre ocorre de forma informal, em situações do cotidiano, e inclusive já esteve embasada por leis e associações. É o caso da Assembléia Geral da Organização Mundial de Saúde, que durante mais de um século manteve a homossexualidade em sua lista de doenças mentais. A histórica decisão de removê-la ocorreu no dia 17 de maio de 1990, de modo que a data hoje é sugerida como o Dia Mundial contra a Homofobia, mas ainda não reconhecida formalmente.
Pelo mundo, algumas cidades já utilizam este dia como um marco para manifestações e comemorações, e no Brasil já temos alguns exemplos. A Câmara de Vereadores de Curitiba, por exemplo, se apressou e em março de 2008 aprovou uma lei que também institui o 17 de maio como o Dia Municipal Contra a Homofobia. Proposta pela vereadora Julieta Reis (PSB), a data será comemorada anualmente e tem como objetivo diminuir preconceitos e reduzir a violência contra gays, lésbicas, travestis e transexuais em nosso país.
Em Londres, por exemplo, mais de 1000 crimes relacionados à homofobia foram reportados em 2008-2009, um crescimento de 13,5% em relação ao período anterior.
O aumento isoladamente pode parecer ruim, mas também reflete uma maior confiança dos homossexuais para prestarem queixa na polícia e seguirem com suas denúncias.
O Brasil tem hoje cerca de um homossexual morto a cada dois dias, número que o coloca como o país mais homofóbico do mundo.




sábado, 24 de setembro de 2016

Internet e mito da tolerância

A internet vem ajudando a derrubar o mito de que nós brasileiros somos tolerantes às diferenças. Histórias que desnudam a intolerância entre nós surgem a cada dia. Para cada caso com pessoas conhecidas noticiado na mídia, há outros milhares nas redes sociais.
Cabelo ruim, gordo, vagabundo, retardado mental, boiola, malcomida, golpista, velho, nega. Expressões como essas predominam nas nuvens de palavras encontradas em posts que revelam todo tipo de intransigência ao outro, em vários aspectos: aparência, classe social, deficiência, homofobia, misoginia, política, idade, raça, religião e xenofobia.
Segundo dados da ONG Safernet, denúncias contra páginas que divulgaram conteúdos do tipo cresceram mais de 200% no país. Num primeiro momento, parece que a internet criou uma onda de intolerância.
O fato, porém, é que as redes sociais apenas amplificaram discursos existentes no nosso dia a dia. No fundo, as pessoas são as mesmas, nas ruas e nas redes.
Vejamos: o Brasil lidera as estatísticas de mortes na comunidade LGBT (dado da Associação Internacional de Gays e Lésbicas); mata muito mais negros do que brancos (Mapa da Violência); aparece em quinto lugar em homicídios de mulheres (Mapa da Violência); registrou aumento de 633% nos casos de xenofobia (Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos); e 6,2% dos seus empregadores confessam não contratar pessoas obesas (site de recrutamento).
A intolerância nas redes é resultado direto de desigualdades e preconceitos sociais em geral, não é uma invenção da internet. O ambiente em rede facilita que cada um solte seus demônios, ao dar a sensação de um pretenso anonimato. O mundo virtual é, portanto, mais uma forma de os intolerantes se manifestarem e ampliarem seu alcance.
Para se ter ideia, nossa agência, por meio da iniciativa Comunica que Muda, resolveu medir a intolerância na internet durante três meses, utilizando a plataforma Torabit.
De abril a junho, foram analisadas nada menos que 393.284 menções aos tipos de intolerância citados no início do texto. O percentual de abordagens negativas dos temas ficou acima de 84%. No caso do racismo, chegou a 97,6%.
O maior número de menções (220 mil) foi para a política, seguido da misoginia (50 mil), mas há que se ressaltar que o tema reflete a crise atual. Entre os Estados, o Rio de Janeiro registrou o maior número de citações (58.284), apesar de, proporcionalmente à população, o Distrito Federal ser o mais intolerante.
Bem melhor seria se, na verdade, passássemos a adotar a aceitação como o contrário de intolerância. Porque a própria palavra tolerância lembra indulgência e condescendência, e não é isso que se quer.
Suportar o outro é só o começo de uma evolução. Tolerar é manter uma relação positiva com pessoas completamente diferentes. É um processo de mão dupla, aceitar para ser aceito.
Não é um caminho fácil. O primeiro passo, sem dúvida, é tornar o debate de interesse público, fazer explícitas as ofensas cotidianas.
Já passou o tempo em que a internet era terra de ninguém. Não faltam canais para denúncias. O acesso a um meio amplo de comunicação, aliado a uma ideia distorcida de liberdade, fez com que os intolerantes encontrassem eco.http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2016/08/1798245-a-internet-ajudou-a-derrubar-o-mito-de-tolerancia-brasileira.shtml

O Estatuto do desarmamento & porte de armas e redução da violência

FALTA CRIAR UMA ORIENTAÇÃO...VÃO LENDO ALEGREMENTE
FALTAM TRECHOS NESTA COLETÂNEA..ESPEREM QUE ESTOU FAZENDO AINDA...QUE DROGA!
http://piaui.folha.uol.com.br/lupa/2016/09/23/falso-bolsonaro-diz-que-tiroteio-em-boate-gay-ocorreu-devido-a-desarmamento/
Dissertação (Enem)
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “

O porte de armas e a redução da violência"

”, apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Instruções Enem:
1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.
3. A redação com até 7 (sete) linhas escritas será considerada “insuficiente” e receberá nota zero.
4. A redação que fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo receberá nota zero.
5. A redação que apresentar proposta de intervenção que desrespeite os direitos humanos receberá nota zero.
6. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.
Desarmamento é o nome comumente dado à política pública destinada à proibição do comércio de armas de fogo e munição. Existem legislações diferentes em cada país, regulamentando quem pode e quem não pode comercializar ou portar armas. https://pt.wikipedia.org/wiki/Desarmamento_no_mundo]


 05/01/2016 15h05 - Atualizado em 05/01/2016 16h25
Obama apresenta medidas para reduzir violência com armas de fogo
Presidente pretende fortalecer checagem de antecedentes.
Presidente se emocionou em discurso; veja vídeo.
Do G1, em São Paulo
O presidente americano, Barack Obama, anunciou nesta terça-feira (5) uma série de medidas executivas para combater a violência armada nos Estados Unidos. Em discurso emocionado(veja vídeo), ele defendeu os planos do governo de aumentar as verificações de antecedentes de pessoas que querem comprar armas de fogo, bem como comercializá-las.
Obama disse também que as novas regras "não são um plano para retirar as armas de todo mundo". "Acredito que podemos encontrar maneiras de reduzir a violência armada de formas consistentes com a Segunda Emenda", afirmou, fazendo referência ao direito constitucional ao porte de armas nos Estados Unidos.
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Frustrado com a inflexibilidade da oposição política sobre o controle de armas, apesar dos recorrentes tiroteios em massa no país, Obama busca contornar o Congresso com ações executivas.
O presidente chegou às lágrimas ao lembrar as crianças mortas na escola Sandy Hook, em Connecticut, em 2012.  "Nosso direito inalienável à vida e a busca da felicidade, esses direitos foram arrancados de... cada família que nunca imaginou que seu ente querido seria tirado de nossas vidas por uma bala. Cada vez que penso sobre essas crianças, me deixa furioso", disse Obama, chorando.
Uma das medidas anunciadas pelo presidente é fortalecer o sistema de controle de antecedentes de compradores e vendedores de armas. Segundo a Casa Branca, a ideia é garantir que aqueles que vendem armas passem por checagem, mesmo que vendam armas on-line ou em feiras de armas. http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/01/obama-apresenta-medidas-para-reduzir-violencia-com-armas-de-fogo.html

http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2016/06/massacre-em-orlando-reacende-debate-sobre-porte-de-armas-nos-eua.htmlHá exatos 10 anos - no dia 23 de outubro de 2005, depois de um intenso debate popular, 59 milhões de brasileiros (64% dos eleitores) foram às urnas e rejeitaram a proibição da venda de armas de fogo e munições em um referendo. Ao não permitir que o artigo 35 do Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/2003) entrasse em vigor, a maioria da população esperava ter a opção de comprar armas para a defesa própria, mas esbarrou na burocracia. Muitos anos depois, uma comissão especial da Câmara dos Deputados discute um projeto de lei que pretende atender ao resultado do referendo e facilitar o porte.
Luis Flávio Sapori, sociólogo e professor da PUC-MG, no entanto, é mais crítico com a atual legislação sobre armas em vigor no Brasil.
“O Estatuto (do Desarmamento) não melhorou a segurança pública no Brasil. A violência continuou crescendo no país, as armas de fogo continuam se proliferando de forma acelerada nas ruas das cidades brasileiras. A capacidade da polícia de pegar essas armas ilegais não foi aumentada”, diz.
Para ele, a legislação foi enfraquecida quando, em 2007, o Supremo Tribunal Federal (STF) permitiu o pagamento de fiança para quem fosse preso em flagrante portando arma de fogo ilegal.
“O assunto perdeu destaque. As campanhas eleitorais para Presidência poderiam ser um bom momento de retomar essa discussão, mas nem os movimentos de direitos humanos estão se atentando para isso. O estatuto está desmoralizado. Se não conseguiram proibir a venda, então que ao menos tornem o uso e o porte bem mais difíceis”, argumenta.
A lei atual pune com dois a quatro anos de reclusão - além de multa - o porte ilegal de armas no fogo no Brasil.
Para Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo, a legislação aprovada em 2003 é avançada e a rejeição dos brasileiros à proibição da venda de armas e munições, em 2005, não esvaziou o estatuto.
Image captionArmas apreendidas em 2010 no Rio de Janeiro; segundo a ONU, Brasil foi responsável por 10% dos homicídios no mundo.
Ele lamenta, porém, que o movimento de entrega voluntária de armas tenha pedido força ao longo dos anos, e que o momento atual não seja de avanço, mas sim de ameaça de retrocesso.
“Não há confiança na polícia por parte da população e é claro que há uma questão ideológica, e de lobbies de interesses”, diz o especialista.
Resistência
Tanto Sapori como Ghiringhelli de Azevedo concordam que a redução das armas de fogo em circulação seria um avanço para a segurança pública e reduziria o número de homicídios, mas nem todos partilham da mesma opinião.
Tanto entre os parlamentares quanto na sociedade há uma série de mobilizações contrárias à legislação e a favor de uma liberalização maior do porte de arma, tornado mais restritivo pelo estatuto.
Mais de 40 projetos de lei neste sentido foram apresentados no Congresso nos últimos anos, entre eles o do deputado Rogério Peninha Mendonça (PMDB/SC), que pede a revogação total do Estatudo do Desarmamento.
Para ele, as normas mais rígidas não diminuíram os índices de violência, e os criminosos seguem tendo acesso a armas ilegais de qualquer maneira.
O tema também foi objeto de acalorados debates na página da BBC Brasil no Facebook, com leitores se colocando contra e a favor a restrições ao uso de armas. Dê também sua opinião!
Image captionTema gerou debate acalorado entre leitores da BBC Brasil no Facebook
Recentemente um desses projetos de lei que visam alterar cláusulas do estatuto foi aprovado, e as guardas municipais de todo o país passaram a ser armadas, no que foi visto como um retrocesso por analistas.
“Temos um discurso no Congresso argumentando que a pessoa precisa ter a capacidade de defesa própria, senão está à mercê da criminalidade. É um discurso muito disseminado e acho que se houvesse outro referendo hoje em dia, o resultado infelizmente seria o mesmo”, avalia Ghiringhelli de Azevedo.
O pesquisador questiona o argumento de que o uso de armas de fogo pode propiciar melhores meios para que as pessoas comuns se defendam de criminosos.
“A arma de fogo disponível na rua não está sendo usada para defesa pessoal. Ela acaba sendo usada pelo crime e, em 90% das situações de tentativa de defesa, o que ocorre é o latrocínio, quando a vítima de um assalto acaba sendo morta pelo bandido”, diz.



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·         1Propostas e medidas para frear a criminalidade e a violência no País têm recrudescido nos últimos meses. Uma parcela significativa da sociedade defende a redução da maioridade penal e endurecimento das leis. Casos como o do estudante Victor Hugo Deppman , 19 anos, morto na porta de casa por um adolescente de 17 anos reascenderam o debate, que levou até o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), aencaminhar para o Congresso um projeto de revisão do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em relação aos crimes violentos.

O número de mortes por armas de fogo no Brasil subiu 365% em 30 anos

Segundo estudo recente divulgado pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americano, especialista em estudos científicos e sociais em 17 países, denominado Mapa da Violência 2013 – o número de mortes por armas de fogo no Brasil subiu 365% em 30 anos. Por outro lado, os índices correspondentes ao número de mortes para cada 100 mil habitantes apontam que as taxas se estabilizaram a partir do ano 2000.
A solução definitiva para esse problema divide especialistas, que defendem ou condenam o desarmamento da população, visto como o ponto crucial deste debate. Para entender melhor esse complexo problema social, o Terra ouviu especialistas que atuam diretamente na área da segurança sobre alternativas para a diminuição da violência.
Pró-desarmamento 
De acordo com a Coordenadora de Sistemas de Justiça e Segurança Pública do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, para se acabar com as mortes por armas de fogo no Brasil é preciso investir em uma política forte de desarmamento. "De fato, na década de 90 houve um aumento muito grande no número de mortes, porém, a partir do ano 2000, houve uma tendência de queda. Nós percebemos uma mudança no perfil dessas mortes , que deixaram as grandes cidades do Sudeste a passaram a se concentrar em áreas das regiões Norte e Nordeste", disse.

Carolina Ricardo acredita que a retirada de armas das ruas seja a solução

Carolina aponta que houve um grande avanço no combate à violência com a entrada em vigor do estatuto do desarmamento, mas acredita que há muito a se fazer ainda. "A aprovação do estatuto é uma grande vitória. O que vivemos desde 2003 é o desafio para implantar o estatuto por inteiro, mas já podemos afirmar que nos Estados onde houve mais recolhimento de armas de fogo, houve uma queda maior no número de mortes", falou a pesquisadora, que destaca o trabalho feito por Pernambuco, que foi o único Estado do Nordeste a apresentar redução nas mortes por arma de fogo entre 2001 e 2010, tendo sido o Estado com o menor número de concessões de porte de armas na região no período e o que mais recolheu armas nas campanhas de entrega voluntária.
No Sudeste, as duas maiores cidade do País também se destacaram nos índices. São Paulo e Rio de Janeiro recolheram mais de 490 mil armas ilegais e concederam menos portes. Em 2010, São Paulo registrou 9,3 mortes por armas de fogo para cada 100 mil pessoas, contra 28,7 casos no ano 2000.
Para Carolina Ricardo, é preciso tirar o Estatuto do Desarmamento " do papel ". Segundo ela, o principal caminho para reverter drasticamente o quadro de violência no Brasil é "criar uma base de dados organizada para saber quantas armas estão em circulação". A pesquisadora acredita ser muito fácil se conseguir uma arma no Brasil, já que o controle ainda está longe do ideal. "As forças de segurança, por exemplo, precisam ser melhor fiscalizadas e cuidar dos estoques de armas. Muitas delas acabam parando nas mãos dos criminosos.”
Sobre a mobilização popular em defesa da diminuição da maioridade penal, a representante do Sou da Paz disse que essa é uma resposta superficial em relação ao problema da criminalidade. "Muita gente reclama que o criminoso é preso e muitas vezes é solto em seguida. Vejo que não devemos analisar o problema por esse ponto. O principal problema aqui é a morosidade da resposta judicial. Se a lei garante que a pessoa responda o processo em liberdade, ela pode responder em liberdade, mas a maioria dos casos nem sequer é investigada", disse.
"A taxa de homicídios esclarecidos no Brasil é de apenas 8%. Muitas vezes os crimes não são investigados da maneira correta, provas se perdem e a Justiça demora para julgar. Esse é um problema que precisa ser solucionado", disse Carolina Ricardo.
Contra o desarmamento 
Para o ex-comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) e vereador de São Paulo coronel Paulo Adriano Lucinda Telhada (PSDB), o desarmamento pode ser um fator que potencializou os crimes violentos na sociedade. Para ele, o ideal era que houvesse a possibilidade do porte de arma, mas com um controle rígido sobre isso.
“Vejo o crime com armas de uma maneira que eu responsabilizo até a própria lei do desarmamento. Sabe por quê? Porque a lei do desarmamento é feita para punir o cidadão de bem. O bandido não está nem aí se tem a lei do desarmamento, ele vai continuar armado do mesmo jeito, e com armas pesadas”, disse o vereador.

Para o ex-policial, o número alarmante de mortes por armas de fogo no País existe em decorrência da própria legislação. “Eu acho que um dos problemas sérios da morte com relação a armas de fogo, de modo geral, é uma legislação muito branda. Eu vejo como uma legislação falha, na qual o cara que comete crimes seja encarado como uma pessoa que fez isso (por causa) da lei e por nossa sociedade terrível. Vejo que a nossa lei é até benévola: ela vitimiza o bandido. A vítima do crime acaba sendo vítima do bandido e da própria sociedade. Isso é algo muito perverso de se pensar", falou Telhada.
Famoso defensor das causas policiais , o vereador tucano relembra dos tempos de farda e relata experiências em ocorrências. “Eu sei o que representa uma arma. Fui baleado duas vezes, sei o quanto dói. Infelizmente estive em vários entreveros e não desejo a ninguém matar uma pessoa ou ser baleado. Quem mais odeia a violência é quem trabalha com ela. Não tem pessoa que mais queira a paz do que eu. Eu fui vítima da violência, eu fui baleado, eu estive em vários tiroteios e sei o quanto isso é terrível e o quanto é triste para a família”, falou.
Para Telhada, a legislação brasileira não precisa seguir o modelo dos Estados Unidos - onde armas pesadas são vendidas em lojas -, mas também não deveria desarmar a população.  “Atitude de desarmar a população é típica de regimes como nazismo, fascismo, socialismo e até militarismo. Sou contra qualquer ideologia radical, seja de esquerda ou de direita. A grande sacada é a democracia. Veja os Estados Unidos - apesar de achar que há excessos por lá. Mas você vê que o governo não tem medo de que a população ande armada, porque o governo não tem que temer o povo”, falou.
Questionado sobre casos típicos de uma sociedade armada, como aumento de mortes em brigas de trânsito ou por motivos banais e até acidentes dentro da própria casa, Telhada contra-argumentou:  “Realmente pode acontecer, mas o que acontece com essa lei atual? Você quer matar o carrapato, mas ao invés disso você mata a vaca que é mais fácil. Para não morrer nenhuma criança, que seria horrível, ninguém anda armado. Está um ‘samba do crioulo doido’. Bandido faz o que quer e continua matando pai de família. Se o cidadão puder andar armado, que se tenha uma lei forte, para que o ‘cara’, se fizer qualquer besteira, vá preso. Eu não sou favorável a passar a mão na cabeça de ninguém, nem policial, nem autoridade, nem o cidadão comum. Todo mundo é igual perante a lei”, completa.
Sobre soluções alternativas para se combater a violência, o vereador acredita que atitudes como o aumento de policiais na rua, apreensão de armas ilegais e a colaboração da sociedade podem amenizar o problema. “Aqui em São Paulo nós começamos com o Disque-denúncia há alguns anos e hoje temos em todo o País. Uma denúncia facilita a retirada de armas ilegais da sociedade e isso ajuda a diminuir a violência. Com a legalização, quem portasse uma arma ilegal, com certeza estaria com má intensão. Esse sempre tem que ser punido”, concluiu.

O referendo sobre desarmamento realizado em 2005 recebeu um sonoro não por parte da sociedade brasileira. Mesmo assim, volta e meia o assunto vem à baila, com figuras do governo insistindo na necessidade de tirar as armas dos cidadãos comuns sob argumento de que isso diminuiria os índices de crimes. Não é o que pensa o advogado paulista Benedito Barbosa, presidente da ONG Movimento Viva Brasil, que teve destacada atuação durante o referendo, sendo a única instituição que se colocou frontalmente contra a tese do desarmamento, encampada por praticamente toda a mídia nacional. 

Bené Barbosa, como o advogado e professor de 40 anos é conhecido, mostra números e compara dados que ele acredita que sustentam sua tese, de que o desarmamento não resolve o problema do crescente aumento dos assassinatos por armas de fogo. “Bandido não quer saber de arma de pequeno calibre, como revólver 38, que o cidadão comum adquire legalmente. Bandido quer é arma pesada que entra contrabandeada no País.”

Segundo o advogado, o governo tem de atuar firmemente contra o contrabando de armas e melhorar o combate à criminalidade nas ruas, investindo na segurança pública e valorizando os policiais: “O governo federal não faz isso, infelizmente.”

Esses e outros temas estão na entrevista concedida por telefone na segunda-feira, 14, um dia depois que a exemplo do Brasil, em referendo, um país de Primeiro Mundo, a civilizadíssima Suécia, disse não ao desarmamento. 

Luana Borges — O sr. está a frente de uma organização não-governamental, a Viva Brasil, que combate o desarmamento.  Como é sua atuação política com relação ao tema e por que se interessou?
Sou bacharel em Direito e me interessei por essas questões em 1995, quando começaram a modificar a legislação para transformar o porte de armas em crime, aumentando as penas e as restrições, o que culminou com a criação do Sistema Nacional de Armas (Sinarm). Depois dessa época, eu acabei criando um site chamado Incorreto, que ficou no ar até 2004. Foi nesse ano que eu e alguns amigos decidimos profissionalizar nossa atuação e para isso fundamos a ONG Movimento Viva Brasil, que vem trabalhando desde então. Em 2005, participamos do referendo e fomos a única ONG favorável ao "não". Participamos ativamente do debate, juntamente com toda a equipe de campanha, pessoas como Chico Santa Rita e outras. E continuamos na batalha porque, na realidade, o direito continua sendo desrespeitado. Por isso, buscamos trabalhar bastante com a imprensa e com alguns deputados e senadores do Congresso Nacional.

Cezar Santos — Os estudos que o sr. realizou, pela ONG Movimento Viva Brasil, apontam a existência de algum lugar em que o desarmamento deu resultado palpável com relação às quedas dos índices de criminalidade?   
 Não houve. Pelo contrário, os países que se enveredaram por esse caminho demonstraram um crescimento no seu nível de criminalidade, como é o caso da Inglaterra, nação que mais radicalmente adotou essa política e viu aumentar a incidência de crimes, sobretudo daqueles violentos como assaltos e invasões de residência. Também podemos dizer o mesmo da Austrália e do Canadá, países que também adotaram essa política há mais tempo.  Então, não houve nenhum país que conseguiu algum tipo de redução palpável, mensurável, por meio do desarmamento da população ou de mais restrições às armas de fogo legais.

Cezar Santos — Então o Estatuto do Desarmamento brasileiro não representou um avanço na legislação antiviolência?
 Não representou nenhum avanço. Ora, as restrições no Brasil começaram a acontecer com maior força a partir de 1997, ano em que o porte ilegal de armas, de simples contravenção penal, foi transformado em crime. Também foram criadas mais restrições àquele cidadão que quisesse comprar e portar uma arma de fogo, assim como houve a criação do Sinarm, departamento da Polícia Federal que, teoricamente, centralizaria todos os registros de armas. Entretanto, mesmo diante desses artifícios e das maiores restrições legais, não houve nenhuma modificação nos índices de criminalidade. Pelo contrário, de 1997 para cá os números da violência no Brasil continuaram crescendo. Tivemos em 2003 o Estatuto do Desarmamento aprovado. Ele foi apresentado à sociedade brasileira como um verdadeiro remédio contra a criminalidade. Vimos bem: um remédio que também não fez efeito. Tanto é que a maioria dos Estados brasileiros continua tendo alto índice de homicídios, incidência que continua só aumentando, independentemente de a pessoa conseguir ou não comprar uma arma legalizada.

Cezar Santos — O referendo de 2005 foi derrotado, contudo, algumas ONGs continuam a insistir na necessidade de desarmar a população. Quem são os agentes financiadores dessas organizações? Há dinheiro externo envolvido?
 Tem dinheiro de fora e não é pouco. Eles têm financiamento da Organização das Nações Unidas (ONU), por meio do Unicef, de ONGs estrangeiras como a Fundação Ford, da Anistia Internacional e contam também com muito dinheiro governamental, do bolso do contribuinte. Se considerarmos a prestação de contas de algumas dessas ONGs que mostram ao público de onde vêm seus aportes, percebemos que há realmente muita verba entrando. Embora não haja uma declaração explícita por parte dessas instituições que nos mostra o que exatamente esses financiadores pretendem.  

Cezar Santos — Mas qual seria a motivação? Por que essas instituições investem tanto nisso?
A tese mais bem aceita é de que realmente há uma pressão muito forte da ONU. Em 1954, eles adotaram a ideia do microdesarmamento, como é chamado o desarmamento civil pela ONU. Por quê? Porque eles consideram que, mesmo com um exército desmobilizado e com pouca capacidade de ataque, um país ainda contaria com as forças policiais, com seus atiradores, caçadores e com os civis armados que poderiam, sim, representar perigo a outros países ou representar ameaça no caso de intervenções militares. O que está por trás disso é, na verdade, uma tentativa de enfraquecer a defesa e a soberania nacional. Esse enfraquecimento não está acontecendo somente no Brasil, mas em várias outras nações. Ou seja, a ideia não foi inventada aqui, sendo que, por trás dela, estão as mesmas ONGs e os mesmos agentes financiadores.

Luana Borges — Por outro lado, quem financia a ONG Movimento Viva Brasil? Quantos filiados tem? 
O Movimento Viva Brasil é uma ONG, mas, por escolha nossa, não é Oscip. Sendo assim, não recebemos um só centavo de dinheiro público e mantemos nossa independência. Por outro lado, há uma enorme dificuldade financeira. Quem nos financia, na verdade, são filiações. Recebemos também doações de pessoas físicas e de parceiros comerciais que estão em nosso site, como lojistas, clubes de tiro, entre outros.
Temos 2.500 filiados e 25 mil pessoas participam conosco de alguma forma.

Luana Borges — Vocês buscam sempre o apoio da imprensa e, também, de parlamentares. Quem são os senadores e deputados que apoiam a ONG? 
Muitos deputados e senadores nos apoiam, direta ou indiretamente. Falar de alguns e não falar de outros seria injusto. Quem acompanha o nosso site sempre recebe as notícias destes apoios.

Luana Borges — O desarmamento, sob nenhuma forma, é benéfico? Ou seja, não ajudaria sob nenhum aspecto a reduzir os índices de criminalidade, os acidentes com armas de fogo no âmbito doméstico ou no trânsito, os crimes passionais? As entidades não-governamentais e o próprio governo pressionam nesse sentido de forma gratuita? 
O primeiro aspecto é referente à questão da criminalidade. Mesmo que se coloquem todas as forças policiais no Brasil simplesmente para apreender armas ilegais, vamos enxugar gelo. Tanto é que são milhares de armas apreendidas todos os anos, milhões de cartuchos de munição retidos, e nem por isso o bandido tem menos armas, está menos armado. Pelo contrário, tem quase sempre armamento muito mais moderno à disposição dele, vez que ele não segue a lei. O fato é que as armas continuam entrando pelas nossas fronteiras. Já foram identificados mais de 140 pontos vulneráveis em nossas regiões fronteiriças. Os armamentos também estão entrando pelos portos, pois a fiscalização dos containeres é muito pequena e feita praticamente por amostragem. Para se ter uma ideia, em uma média de 100 containeres apenas 8 são vistoriados, o restante entra sem qualquer espécie de inspeção. Confiscar armas — retirá-las mesmo dos criminosos — é, portanto, enxugar gelo. A questão dos crimes passionais, dos crimes de emoção, de momento, da famosa briga de trânsito, é residual. Criou-se, no Brasil, uma ideia de que quem mata é o cidadão comum. Aquele que está em sua casa, discute com o vizinho e o mata, ou aquele que está armado em seu carro, discute e mata o motorista do lado. Isso não é verdade. Conversando, por exemplo, com o coronel Jairo Paes de Lira, que é ex-deputado federal e foi comandante do policiamento metropolitano de São Paulo, ele é categórico quando afirma que existem pouquíssimos casos de homicídios cometidos com armas legalizadas. Quase sempre a pessoa que comete um crime já tem um histórico de violência, tem passagens pela polícia, tem esse ânimo de fazer o mal, de cometer um assassinato. Então, esse tipo de pessoa não vai ser desarmada, porque em 99% das vezes há uma arma ilegal em suas mãos e não munições legalizadas. Em tese, um ou outro homicídio passional, de emoção, poderia ser evitado. Mas o que a gente está vendo aqui em São Paulo, por exemplo, é que esse tipo de crime, agora cometido com faca, está crescendo muito. Ou seja, quando a pessoa tem o intuito de matar, ele usa a mão, usa a faca, um pedaço de pau ou faz qualquer coisa para cometer esse crime. Os malefícios trazidos pela simples proibição, considerando-os friamente, são muito maiores do que os benefícios. Então, por causa da exceção, não se pode modificar toda a regra.

Luana Borges — Quais são os principais pontos de entrada de armas no País?
O principal ponto de entrada é pela Bolívia, muitas vezes desviado até do Exército daquele país. Também através da fronteira com a Venezuela e Paraguai. São esses os pontos mais complicados para armas de fogo e drogas. Se todos os dias entram no Brasil caminhões e caminhões de cigarros contrabandeados, CDs e tantos produtos pirateados e drogas, se tudo isso está entrando, pode ter certeza de que também estão entrando as armas ilegais que abastecem os criminosos.

“Criminoso tem de ficar é na cadeia”

Luana Borges — O novo governo mostra disposição em resolver o problema nas fronteiras?
Não vejo, não vejo de forma nenhuma. Aliás, segurança pública em nível nacional sempre foi e continua sendo muito mal resolvida pelo governo federal. Fala-se muito, colocam muita coisa no papel, fazem planos, mas os investimentos ainda são muito pequenos. Não há uma política continuada de integração nacional de segurança pública. Não se copiam bons exemplos. São Paulo é um exemplo que poderia ser tomado. Nos últimos dez anos vem combatendo a criminalidade e reduzindo os índices de crimes. E como está fazendo isso? Principalmente com policiamento mais forte, prendendo mais criminosos. Hoje São Paulo tem 40% de todos os presos do Brasil. É isso que faz a criminalidade cair a curto prazo. A longo prazo, claro, se cai na questão do social, de investimentos, de dar estrutura para a meninada que vive e convive com os traficantes. Enquanto não fizer isso, também se estará enxugando gelo. Mas combate à impunidade é primordial. 

Luana Borges — Quais são esses malefícios do desarmamento da população que o sr. considera preponderantes?
Quando se desarma uma sociedade, quando se mostra que os cidadãos estão desarmados, há o incentivo ao criminoso. Isso é claro. Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos demonstra que os criminosos tinham mais medo de encontrar um cidadão armado do que encontrar um policial. Quando se dá ao bandido a certeza de que a população está desarmada, ele agirá com mais coragem ou crueldade. Se consideramos as estatísticas dos Estados, o número de invasão de domicílios com os moradores dentro cresceu assustadoramente nos últimos anos. Ocorre por essa certeza do criminoso de que nenhum tipo de reação irá existir.

Luana Borges — O sr. vê raízes ideológicas na vontade de desarmar a sociedade?
É muito claro. No Brasil, dizer que um cidadão é conservador virou quase uma ofensa ou um palavrão. Falar que não existe mais esquerda ou direita é uma mentira. Esses polos continuam existindo no mundo, inclusive no Brasil. Consideremos o referendo que houve no domingo (dia 13) na Suíça, onde o desarmamento também foi derrotado. Lá, os partidos de esquerda, as ONGs e as igrejas apoiavam o desarmamento. Ou seja, as mesmíssimas instituições que apoiaram o desarmamento no Brasil. Foi um referendo muito parecido com o nosso, com os mesmos patrocinadores. Eram os partidos de esquerda e de centro-esquerda que defendiam da tese. Diziam que lá há número grande de suicídio e era preciso acabar com isso. E ao mesmo tempo é um país pacífico demais e o cidadão não precisa ter arma. As teses foram muito parecidas com as que foram utilizadas no Brasil, o que demonstra que há uma associação nesse sentido. E lá perderam da mesma forma que perderam aqui. Até por uma diferença menor, na Suíça foi 57% contra a proibição. Hoje na Suíça todo homem que serve ao exército vai para casa com o seu fuzil e se for oficial vai para casa com a sua pistola e munições. O comércio de armas lá é bastante ativo. Há pouquíssimas restrições a armamento para os suíços. São milhões de armas nas mãos da população também. E o país teve, para você ter uma ideia, só 24 homicídios em 2009. É um país pacífico, sem criminalidade e que mesmo assim optou por manter o seu direito de ter as suas armas.

Cezar Santos — Quais os motivos que levaram a população a imaginar isso e votar contra o desarmamento?
Eles entendem nisso a sua capacidade de defesa contra o crime como defesa contra inimigos estrangeiros. Tanto é que exatamente por essa posição a Suíça foi um dos únicos países da Europa que não foram atacados nas duas guerras mundiais. Porque a invasão ia sair cara demais para o inimigo. Graças a essa questão. Lá não existe um exército. A sociedade, o povo é o exército suíço.

Cezar Santos — No caso brasileiro, os políticos se deixaram levar pela onda desarmamentista que a mídia acabou propagando?
Aqui, antes do referendo, nós tivemos muitos políticos que acabaram se enganando um pouco. Eles estavam mais preocupados com o voto do que com qualquer outra coisa. Quando se falava que 90% da população era favorável ao desarmamento - cansamos de ver esse dado nos jornais -, alguns partidos e políticos acharam por bem também se dizerem antiarmas. Mas eles acaabaram sem força depois do referendo. Tanto é que os desarmamentistas não conseguiram aprovar um só projeto de lei desde 2005. Nesses últimos anos, nenhum projeto de lei que trouxesse mais restrições foi aprovado no Congresso.

Cezar Santos — Temos um governo dito de esquerda, há personagens desarmamentistas que têm forte influência no Executivo. Pessoas como o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos e Luiz Eduardo Greenhalg, que tem proximidade com o governo e é um ícone da esquerda, vão voltar à carga na gestão de Dilma Rousseff?
Tenho certeza que sim. Eles estão apenas arrumando a Casa para começar o ano legislativo. O ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos é, como também é adepto do desarmamento o atual ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Hoje corremos ainda um risco muito maior do que na legislação passada porque o atual governo tem maioria tanto no Senado quanto na Câmara Federal. O risco de conseguirem aprovar projetos, inclusive antidemocráticos, vez que já tivemos o referendo e a população já se posicionou, é muito grande. Eu tenho certeza que vamos ter, nos próximos anos, muitos problemas nesse sentido. 

Cezar Santos — Que avaliação o sr. faz da Força Nacional? 
Pra colocar uma chamada Força Nacional nas ruas tem de tirar homens de outras forças policiais. É despir um santo para vestir outro. Essa Força Nacional funciona mais como propaganda do governo federal, em dizer que pode intervir, que está fazendo algo. Mas muito mais importante seria investir dinheiro na segurança dos Estados, respeitando a ordem federativa do Brasil, coisa que também não acontece; valorizar os policiais, dar tratamento digno a eles, pagar e treiná-los bem. E o principal, realmente colocar bandido na cadeia e deixá-los lá na forma da lei. Enquanto não se faz isso, pouca coisa vai resolver de verdade.

Cezar Santos — A facilidade com que bandido sai da cadeia é realmente um problema sério no País. Na semana passada, um bandido do regime semiaberto assassinou um taxista com várias facadas. Como avalia isso?
É um horror. Cito dados estatísticos, de cada “saidinha” dessas — Natal, Dias dos Pais, Dia das Mães, Páscoa, sei lá mais o quê — 10% desses condenados não retornam para a carceragem. Pegando São Paulo como exemplo, todo feriado, abrem-se mil vagas no sistema penitenciário. Ou seja, é uma cadeia vazia para colocar outros presos. Na verdade, faz-se rodízio. No Brasil há mais de 350 mil mandatos de prisão expedidos e não cumpridos. São 350 mil criminosos condenados, que deveriam estar presos e não estão. E aí vai dizer que o problema é o 38 do cidadão ou a cartucheira do sitiante? Essas pessoas que presas se não fizerem recadastramento de suas armas.

“Bandido quer é 45 e 9 mm, não revólver 38”

Cezar Santos — Campanha efetiva contra o contrabando de armas seria mais producente que desarmar o cidadão, no sentido de diminuir o número de mortes por arma de fogo?
Sim. O bandido não quer mais saber de (revólver) 38 ou (pistola) 380, que é o que o cidadão pode comprar, bandido quer é 45 e 9 milímetros. Bandido não quer arma de calibre pequeno ou de baixa potência. Além do mais, há o grande problema da impunidade. Não adianta prender bandido por assalto, confiscar 10 mil armas, se depois de seis meses o bandido está nas ruas de novo, que é o que acontece no Brasil. Há essa ideologia também presente no Direito Penal, uma vez que vemos até o secretário do ministro da Justiça, recentemente demitido, que propôs que pequenos traficantes não fossem presos. Isso é um absurdo, o pequeno traficante é o que dá dinheiro pra o grande traficante. Essa leniência com o crime é muito perigosa e é o que leva aos altos índices de criminalidade no País. 

Cezar Santos — Qual é o maior problema na questão do recadastramento de armas?
Quem não recadastra sua arma a cada três anos pode ser preso. Uma pessoa a 300, 400 km de uma delegacia da Polícia Federal vai fazer recadastramento? Não vai. Por isso vê-se nos jornais pessoas de 70 anos sendo presas porque tinham uma cartucheira 36 em casa. Uma absurda inversão de valores. Muitas vezes a cartucheira é mais velha do que o próprio cidadão, passou de avô para filho e para neto, vai passando de gerações. 

Cezar Santos — No Rio, o Exército participou das ocupações dos morros, ajudando a desalojar traficantes. Exército deve ser apenas para segurança nacional ou deve entrar no combate ao crime?
Não gosto da ideia do Exército atuar em segurança pública. Só deve ser usado para isso em casos extremos, mesmo porque não é papel constitucional dele. Depois, se fizer isso, há o risco de contaminar Exército, da mesma forma como há corrupção nas forças policiais, como estamos vendo no Rio de Janeiro. Exército tem de ser preservado disso. É um órgão para segurança nacional. Agora, lógico, pode-se coloca-lo, por exemplo, para vigiar nossas fronteiras, o que é completamente diferente. Também para vigiar o espaço aéreo, porque sabemos que aviões do tráfico continuam entrando no Brasil e pousando em pistas clandestinas. Aí, sim, o Exército pode ser utilizado. Até em questões de guerrilha, porque as Farc colombianas estão na nossa porta e pode haver problema nesse sentido. Usar Exército para combater criminalidade normal é ruim. Tem é que fazer a polícia funcionar direito. 

Luana Borges — O sr. avalia de forma negativa a ocupação dos morros no Rio?
Naquele momento, pode ter sido bom porque realmente era uma situação quase de guerra. Mas ao mesmo tempo, manter o Exército nesses locais, repito, é ruim. Pode haver contaminação, problema de corrupção, pode manchar o Exército, que ainda continua sendo uma das instituições brasileiras mais respeitadas pela população, pesquisas mostram isso. Para isso existe polícia e o governo tem de investir no policiamento e acabar com a corrupção policial. Aí sim, teremos combate ao crime da forma que é feita em todos os países do mundo. Nenhum país usa o Exército para combater criminalidade nas ruas. 

Luana Borges — Nos últimos dias do governo Lula foi aprovada portaria que restringe o uso da força e de armas por policiais. Como o sr. avalia essa medida?
Toda portaria ou lei que seja aprovada nos últimos dias do ano quase sempre é daquelas que causam discussão e, por isso, é feita dessa forma. É feita para ninguém perceber, quando se vê já está aprovada. A portaria em si não traz grande novidade nessa questão. A maioria das polícias no Brasil já toma esse tipo de atitude. Não conheço nenhuma polícia que manda abrir fogo sob qualquer hipótese se um carro atravessar uma barreira policial, por exemplo. Mas vejo dois problemas nessa portaria. Primeiro, o desrespeito aos Estados, uma vez que determina que se as diretrizes não forem colocadas em prática, isso pode ser utilizado para não se repassar verbas de segurança para esse Estado. É um absurdo, é uma chantagem contra os entes federativos. Cada Estado mantém a sua peculiaridade e isso tem de ser respeitado. E o grande problema, a portaria está muito mais preocupada em diminuir a letalidade do policial do que a letalidade dos criminosos. 

Cezar Santos — Mas, comparativamente, a polícia brasileira não mata demais?
Temos, no Brasil, uma polícia que mata muito, sim, mata, há muitos confrontos. Mas o Brasil também é o campeão de mortes de policiais. É onde mais policiais são mortos no mundo. Por quê? Porque o criminoso perdeu o medo que ele tinha do Estado, não é dos policiais. Bandido não tem medo do Estado, por isso há esse nível de confronto. Antes de se pensar em diminuir a letalidade policial, tem de pensar em diminuir a criminalidade, em como evitar que o criminoso crie confronto com o policial. Entre a vida de um criminoso e a de um policial, acho que ninguém vai discordar que a vida do policial é muito mais valiosa. 

Luana Borges — Qual ou quais países serviriam de exemplo para o Brasil no combate ao crime?
Os Estados Unidos são um bom exemplo. Guardadas as diferenças com o Brasil, principalmente econômicas, mas eles também têm uma população enorme, território continental e problemas em suas fronteiras. Tinham uma taxa muito alta de criminalidade no passado, mas nos últimos dez anos vem diminuindo todos esses índices. Neste ano, de acordo com o FBI, os EUA tiveram um taxa de homicídio de menos de 5 por 100 mil habitantes, praticamente a mesma taxa média da Europa.

Luana Borges — Qual é a motivação para uma pessoa ter armas?
São dois ambientes distintos. No ambiente urbano, nos grandes centros, com certeza é por defesa. O cidadão está em casa, se sente desprotegido e sabe que por melhor que seja a polícia ela não pode estar 24 horas na sua porta. Ele quer se defender, ele sente esse direito, essa necessidade. No ambiente rural é diferente. Tem também a questão da defesa da propriedade rural. Tem até a caça de subsistência, a defesa contra animais selvagens, que ainda é uma realidade no Brasil. As pessoas esquecem, por viverem em centros urbanos, que tem gente que acaba sendo morta por onça. 

Cezar Santos — Mortas por onça?
Sim, e acontece até por estar aumentando a quantidade de onças no Brasil. Normalmente, são esses dois tipos de pessoas que precisam portar armas. E há um terceiro tipo que também tem sérios problemas no Brasil, que é o atirador esportivo e o colecionador. O atirador esportivo também sofre com a burocracia, com o preconceito para praticar o seu esporte. O jogador de tênis pega sua raquete e vai para o clube. O atirador esportivo tem que ter autorização do Exército, uma emissão de papelada. Sou atirador esportivo e costumo brincar que a gente coleciona papel. Quem resolver atirar no Brasil coleciona papel de tanto documento obrigatório. São essas, normalmente, as possibilidades para uma pessoa ter arma de fogo.

Luana Borges — E como vocês contra-argumentam a tese de que quando entra um bandido na sua casa, o morador é que será sempre prejudicado porque não sabe manusear sua arma.
Isso é outra lenda que se criou, de que o bandido está sempre preparado. Parece que o bandido faz curso de tiro. E não é verdade. O bandido normalmente também está nervoso, com medo, muitas vezes a arma dele está com munição velha. Mas uma coisa é clara, a pessoa que deseja e tem o interesse em ter uma arma de fogo tem que fazer um treinamento mínimo para saber como utilizar essa arma. E hoje isso já é obrigatório. A pessoa não compra uma arma de fogo se ela não passar em um teste de tiro realizado pela Polícia Federal. Ou seja, se ela não souber usar minimamente essa arma ela não consegue exercer o direito mínimo de comprar uma arma de fogo. Eu costumo comparar arma de fogo com o uso do cinto de segurança. Se você bater em um caminhão a 160 km/h, você vai morrer, com cinto de segurança ou não. A arma de fogo é mais ou menos isso. Se você estiver em um carro, cercado por três ou quatro criminosos armados, a arma na sua cabeça, é claro que você terá pouca ou nenhuma chance de se defender. E em última instância o governo não tem autoridade moral de decidir por mim se eu vou poder ou tentar defender minha família ou não. Nem que eu morra. Nenhum governo no mundo tem o direito de me cercear nisso.

Cezar Santos — O sr. tem armas?
Tenho armas.

Cezar Santos — Que armas?
Digamos que tenho um revólver (risos).